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   O Agente Funerário e a Morte: O Cuidado Presente Diante da Vida Ausente

A atualidade é marcada pela arte de fugir da morte, morre-se bem equipado, porém mal informado e solitário. A morte passou a ser sinônimo de fracasso e derrota e a dor da perda de um ente querido precisa ser escondida para não incomodar aos que não foram visitados pela morte.

E o que dizer das profissões que tem como trabalho uma demanda tão negada e temida pela sociedade? Assim como médicos, enfermeiros e demais profissionais da área de saúde, os agentes funerários também lidam com a morte. Os primeiros tentam evitar a chegada da morte, já no ofício dos agentes funerários é a partir da morte que começa sua rotina de trabalho.

Em uma sociedade, cuja cultura não suporta a dor da perda e tem na morte sua maior inimiga, é comum a desvalorização e até a repulsa em relação aos trabalhadores que lidam com ela. Os agentes funerários são profissionais que lidam com a morte, com o corpo morto, com a dor dos familiares e muitas vezes são os primeiros a terem contato com a cena da morte e com as primeiras reações dos que são afetados pela perda.

A morte e seu em torno fazem parte do seu ofício. O presente estudo tem como objetivo compreender os sentidos, significados e implicações para o agente funerário ao lidar com a morte em seu cotidiano de trabalho a fim de contribuir com pistas capazes de orientar uma atenção voltada para o cuidado a esses profissionais.

Esta sendo realizada uma pesquisa qualitativa ancorada no referencial teórico da Hermenêutica Gadameriana para produção e interpretação das narrativas. Optamos por usar três estratégias metodológicas para coleta de dados: entrevista em profundidade com roteiro, oficina com utilização de “cenas” projetivas e observação do tipo etnográfico.

Até o momento presente foram realizadas todas as entrevistas e oficinas e iniciado o processo de observação. Os participantes da pesquisa foram nove agentes funerários de duas agências funerárias da cidade de Natal. A análise das narrativas está em andamento, no entanto, foi possível constatar inicialmente a presença do imaginário social de interdição sobre o tema da morte convivendo com os sentimentos oriundos de sua presença na vida pessoal e a tentativa de naturalização do lidar com a morte, já que esta faz parte do ofício dos participantes. Por sua vez, ser agente funerário não é uma motivação profissional; o lidar com o corpo morto exige enfrentamento para desmistificar a morte e um aprendizado com os fluidos, permeados por sentimentos e associações negativas que giram em torno do tabu do corpo e, nesse caso, também da morte; lidar com a dor dos familiares e com os desejos de contribuir para amenizar tal dor cuidando bem do defunto, embelezando-o, e lidar com o olhar social que desvaloriza esse ofício fazem parte dos desafios cotidianos desses profissionais.

Tais dados nos possibilitaram insinuar um desenho de eixos temáticos que para se desdobrarem nas categorias que vão compor os capítulos de diálogo com os resultados desta pesquisa, necessitarão do término da análise e das contribuições advindas do segundo seminário de qualificação. São eles: 1- concepções sobre a morte; 2- concepções sobre a morte enquanto oficio; 3- morte na vida pessoal e profissional: sutilezas e conseqüências desse encontro. 4- “ser agente funerário”: 4.1 a profissão que não se escolhe, 4.2 - olhar do outro; 5- O cotidiano com o defunto: 5.1 o corpo morto, 5.2 os familiares; 6- Ser agente funerário: re-significados de um ofício com a morte. Por fim, o presente trabalho ao dar voz aos agentes funerários, poderá nos possibilitar compreender melhor esse ofício, as possíveis dores que o envolve e as necessidades de cuidado desses trabalhadores.


Data de Publicação:  4/3/2011    Fonte: www.sigaa.ufrn.br


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