Doar sangue é rápido, simples e seguro. Ao contrário do que muitos imaginam, doá-lo não é sinônimo de que ele vai engrossar ou afinar, e a pessoa vai engordar ou emagrecer, segundo especialistas. No entanto, ainda são necessárias muitas campanhas para desmitificar e incentivar este gesto. No Brasil, uma das entidades responsáveis pela coleta é a Fundação Pró-Sangue, na capital paulista. O local, segundo Aline Monteiro, chefe da Divisão Médica Transfusional, conta com 45% de doadores de repetição e 30% de doadores esporádicos.
A doação de repetição é aquela em que o indivíduo doa seu sangue sem querer saber a quem ele se destina. A vinculada (de reposição) é particular, personalizada, para repor a quantidade de sangue que foi utilizada por parente ou amigo internado.
O Hospital Sírio Libanês, também na capital paulista, aboliu a doação de reposição. "Acabamos com esse tipo de doação para que o doador seja reconhecido como elemento importantíssimo na rotina hospitalar", enfatiza Fausto Trigo, hematologista e hemoterapeuta do Banco de Sangue do Sírio Libanês.
"Quando abolimos a doação de reposição simplesmente começamos a passar nos quartos e apresentar o banco de sangue, avisando que qualquer um poderia visitá-lo. Também fomos aumentando o recrutamento através de telemarketing, por e-mail e fazendo parcerias com empresas próximas ao hospital. O doador de repetição é totalmente altruísta. Estamos querendo melhorar a qualidade do doador", afirma Trigo. "Queremos que a doação seja encarada como um transplante de órgão devido à sua importância. Trata-se de um tecido vivo, que carrega não só plaquetas como também fatores de defesa, glóbulos vermelhos e brancos", completa.
De acordo com o médico, a intenção é inserir os doadores no cenário mundial. "Queremos trocar experiências com outros países, trazendo temas pertinentes à tona, que são de suma importância e que carecem de tratamento adequado das autoridades de todos os pontos do mundo, de forma geral. Nosso desafio é manter e aumentar o número de doadores", complementa.
Para incentivar as doações, o Hospital Sírio Libanês homenageia seus doares e promove eventos para que eles se conheçam, tenham um contato mais informal. "Há dois anos saiu até um casamento entre eles", comemora Trigo.
Aline Monteiro, da Fundação ProSangue, declara que os homens podem doar até quatro vezes por ano, com intervalo de 60 dias. E as mulheres podem fazer doações três vezes ao ano. "As mulheres perdem ferro durante a menstruação e a gravidez", esclarece. Após a doação, o sangue coletado é submetido a uma dosagem sorológica, durante a qual são investigados se há evidência clínica ou laboratorial para doença de Chagas, sífilis, hepatite B e C, HTLV e HIV.