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   O Natal em Luto

Poema de Natal

Para isso fomos feitos
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos...
Por isso temos braços longos
para os adeuses,
uns para colher o que foi dado
dedos pra cavar a terra
Assim será a nossa vida
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
um caminho...
entre dois túmulos
Por isso precisamos velar...
falar baixo...
pisar leve.
Ver a noite dormir em silêncio
(Vinícius de Moraes)



Quando alguém presencia uma família despedir-se de seu ente querido no velório, pode supor que aquele foi o pior momento do luto e que os dias que se seguirão serão gradativamente melhores. Ledo engano! Depois do velório e sepultamento começa um período de extrema dificuldade, no qual a falta continua da pessoa amada será desenhada pouco a pouco na vida dos que ficaram, tornando então o primeiro ano do luto, um dos períodos mais difíceis para aqueles que perderam alguém.
Caberá a cada familiar re-significar cada dia, cada semana, cada mês sem a presença da pessoa amada. Esse trabalho é, sem dúvida, doloroso e requer muito esforço psicológico. Será o primeiro ano sem a pessoa amada e tudo parecerá assombrosamente novo, a rotina diária, os problemas cotidianos, as datas comemorativas e os eventos festivos.

Em nossas palestras e grupos de apoio para pessoas em luto, costumamos dizer que algumas datas comemorativas como o Natal, aniversário, dia das mães, dos pais, parecem ser dias nos quais a chama da tristeza reacende porque a ausência de quem se ama fica evidenciada. Se fosse possível, estas datas não mais fariam parte do calendário, com a finalidade de acalentar o sofrimento, mas sabemos, contudo que isso é impossível.

Dezembro é sempre um mês difícil para quem, como nós, lida com as famílias enlutadas e com o sofrimento decorrente de vínculos rompidos abruptamente pela presença indesejada da morte. Além de ser um mês de “balanço” do ano, traz consigo também o Natal, que é uma dessas datas em que, independente do período de ausência, o tempo fica muito relativo e a dor da saudade muito intensa.

Se pensarmos na comemoração do Natal como uma época de confraternização, reunião e trocas de presente e afeto, podemos compreender porque essa se torna uma data tão vulnerável à recaída dos familiares que, contraditoriamente ao significado que a data traz - “renascimento”- terão que se haver com os sentimentos de perda e falta do ente querido.
Costumamos orientar os familiares para que busquem uma forma diferente de comemorar essa data e outras datas importantes, não para impedir que as lembranças e homenagens aconteçam, mas para fazer com que elas não sejam tão sofridas.

Saber que o primeiro ano da perda é o mais difícil ano do processo de luto deve servir aos profissionais do segmento funerário e cemiterial em primeiro lugar para auxiliá-los a dimensionar os impactos indiretos que uma perda traz para a família e, segundo para ajudar a melhorar ainda mais qualquer contato que tenha que ser feito com a família posterior ao falecimento, especialmente neste primeiro ano. È durante o primeiro ano que se segue que os serviços de apoio ao luto podem e devem ser oferecidos aos clientes de forma a contribuir para que o luto da família se efetive da melhor forma possível.

Preparar para velar, sepultar e cremar são as ações principais das funerárias, cemitérios e crematórios, e devem ser realizadas com a máxima qualidade e ética, mas a preocupação em servir bem os clientes pode culminar em ações de apoio durante o primeiro ano de luto.

Não há muito o que dizer
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor.
Uma prece por quem se vai.
Mas que essa hora não esqueça
e por ela os nossos corações
se deixem graves e simples
pois para isso fomos feitos
Para a esperança do milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
De repente nunca mais esperaremos.
Hoje a noite é jovem
Da morte apenas nascemos...
Imensamente.
(Vinicius de Moraes)




Fonte: Ana Lúcia Naletto e Lélia de Cássia Faleiros são psicólogas do Centro Maiêutica e desenvolvem trabalhos na área de luto em cemitérios, crematórios e funerárias. www.centromaieutica.com.br


Fonte: Maiêutica


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