A busca do sucesso é uma constante nestes dias tão competitivos. A questão é definir o que é sucesso e lembrar que a qualidade de vida, felicidade própria, da família e dos amigos é tão importante quanto o progresso profissional. Apenas ser inteligente, no sentido tradicional, não garante este sucesso.
O executivo, cheio de diplomas de excelentes escolas, carreira brilhante, lógica apurada, poderoso na argumentação quando defende os interesses de sua empresa junto aos concorrentes, fica perdido quando enfrenta um cliente resistente, lida com funcionários que questionam suas ordens e entra em pânico frente ao choro de sua filha adolescente que não aceita sua opinião sobre a hora adequada para voltar de uma festa.
O tão conhecido modo de avaliar a inteligência, o "QI - Quociente de Inteligência", mede razoavelmente a capacidade de solucionar problemas, lógica, memória, vocabulário e raciocínio abstrato. Todo sistema educacional cuida de desenvolver estas habilidades e acrescentar conhecimentos para que sejam mais bem utilizadas. Nas empresas, a gestão de recursos humanos também seleciona funcionários segundo estes critérios e se confunde quando o prognóstico não se confirma nas avaliações de desempenho.
O funcionário de sucesso - e isso vale para pais, educadores, líderes comunitários e participantes de equipe de trabalho - tem inteligência emocional: é capaz de conhecer e entender o que impulsiona a si mesmo e aos demais; age construtivamente, aproveitando toda a energia que vem destas emoções; é perseverante na direção de seus objetivos, mesmo diante de adversidades; equilibra a satisfação de suas necessidades imediatas com o que pode obter de mais ganhos no futuro; entende os sentimentos de seus colegas e liderados; mantém um sadio otimismo, buscando forças na certeza de que será capaz de vencer os obstáculos.
Como aproveitar a força das emoções As emoções são aprendidas e aceitas sem crítica ao longo da vida, progressivamente, pelos exemplos familiares, experiências pessoais. Podemos, a qualquer momento, desenvolver nossa Inteligência Emocional, recuperando o tempo perdido rápida e eficazmente, bastando para isso reconhecer que ela é importante e dar os primeiros passos para aprender, agora criticamente, a força das emoções, nossas e daqueles que nos rodeiam.
Não podemos escolher as emoções que temos, mas podemos entender como elas determinam nossos sentimentos e são os motores de nossos comportamentos. O choro de um bebê pode produzir em nós o desejo de acariciá-lo ou de dar-lhe uns tapas. O erro de um funcionário pode nos impulsionar a demiti-lo ou a ensinar-lhe como fazer a tarefa. Precisamos reconhecer qual emoção está nos energizando naquele momento: ira, tristeza, medo, prazer, amor, surpresa, nojo, vergonha ou uma combinação delas.
Seu subordinado lhe diz um palavrão quando você devolve um trabalho mal feito. Antes de agir, você deve reconhecer e dar o nome correto a suas emoções. Poderá ser medo de perder o respeito de seu chefe ou dos colegas se não proceder de forma rigorosa; tristeza por não ser reconhecido pelo tanto que você fez por ele nos últimos tempos; prazer por ter conseguido atingir os seus brios. O mesmo palavrão, dito por seu filho na frente da visita cerimoniosa, pode fazer aflorar sua emoção de vergonha ou de amor pela peraltice.
O que fazer com o subordinado? Responder com outro palavrão, dar-lhe um soco na cara, convidar para um chopinho e resolver tudo com uma boa conversa? É preciso controlar as emoções. Controlar não é reprimir, isto somente fará você adoecer e manterá as condições para que as circunstâncias geradoras do problema se repitam.
Família, amizades - a vida enfim - nos ensinaram a reagir de modo muito pessoal a estas emoções. Podemos, ao invés de explodir sem pensar - como os famosos "pavios-curtos" - dar respostas construtivas para uma ação efetiva e mantenedora de bom relacionamento interpessoal. Um cuidado permanente levará você a tornar este comportamento tão automático quanto sorrir para um conhecido quando cruza com ele no corredor da empresa.
O que estudar, o que esperar do emprego ou de um relacionamento afetivo, vinculam-se às emoções que estão presentes em seu projeto de vida. Elas guiam e dão energia para a ação. Ter um sonho, e marchar na sua direção, faz parte da Inteligência Emocional. A firmeza destes sentimentos desencadeará a perseverança, a capacidade de enfrentar as adversidades - na vida nada é fácil - ou mesmo superar derrotas parciais.
Obs: Veja mais sobre esse tema na próxima segunda-feira (20/08)Por Mario Donadio: sociólogo e Assistente Social; pós-graduado em Administração. Consultor, escritor, coacher e professor. Diretor da UniConsultores - União de Consultores Empresariais; Coordenador Técnico e professor do curso de Formação de Consultores Organizacionais da PUC - SP; Professor da Fundação Dom Cabral e do Instituto Pieron. Diretor da SLADE-Sociedade Latinoamericana de Estrategia. Credenciado do IMDE - InsSyst Master Data Establishment (Suíça) e Insights Discovery (Escócia). Autor do livro T&D Total - Ensinando as Empresas a Aprender (Qualitymark); co-autor dos livros Reengenharia, passando a limpo (Atlas), No Limite, lições corporativas (Qualitymark) e das produções técnicas em DVD: A Arte de Gerenciar Pessoas e Os Caça Fantasmas do Desperdício (Commit). Palestras e trabalhos de consultoria em universidades, associações profissionais e empresas na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Peru, Uruguai e Venezuela.