Todos nós temos características inatas e outras que podem ser desenvolvidas. O mesmo acontece com a liderança. Algumas pessoas nascem com este perfil e podem exercê-lo, desenvolvê-lo ou até negligenciá-lo, de acordo com os estímulos que recebe. Mas a liderança pode ser ensinada, pois é uma técnica e uma arte.
Liderança é o processo de influenciar pessoas para obtenção de resultados em benefício de uma coletividade. Ela tem evoluído muito ao longo da história da humanidade. Evoluímos do que poderíamos chamar de "Era Física" - na qual os líderes eram intrépidos, fortes e tinham como objetivo conduzir seus seguidores - para a "Era Geopolítica", onde os líderes adotaram uma postura autoritária legitimada na defesa de suas ideologias e fronteiras geográficas.
Hoje, vivemos na "Era da Interdependência", comandada por um novo tipo de líder com competências para identificar e capitalizar aspectos comuns capazes de unir as pessoas. O que importa hoje não é a pessoa, mas a causa!
Um estudo realizado em novembro de 2002 pela Fundação Dom Cabral indicou que o mercado procura líderes orientados para o resultado, com capacidade para trabalhar em equipe, dotados de pensamento sistêmico (visão do todo), boa capacidade de comunicação, que sejam bons negociadores e que tenham perfil empreendedor. Mas o mesmo estudo aponta que o perfil encontrado corresponde a profissionais orientados, sim, para o resultado, mas que valorizam garra, ambição e capacidade de "colocar a mão na massa".
Isso demonstra claramente que o mercado e os executivos têm os mesmos objetivos mas não compactuam dos mesmos meios para atingí-los. Os profissionais adotam um discurso de trabalho em equipe, mas permanecem individualistas em seu âmago.
Um líder é alguém capaz de conduzir um grupo com igual empenho e entusiasmo pelo mesmo objetivo. Alguém capaz de vislumbrar e desenvolver qualidades extraordinárias em pessoas comuns, alocando-as nas funções certas - aquelas em que podem exercer seus talentos. Enfim, é alguém capaz de inspirar as pessoas.
Compartilhar o poder, a informação, o compromisso e o resultado - é assim age o bom líder, aquele consciente de que sempre tem algo a aprender e, por isso, cultiva a humildade. Ele mantém sua equipe informada, planeja estrategicamente e define táticas em conjunto. Comemora o sucesso e debate o fracasso. O limite é a tênue fronteira na qual o diálogo propositivo passa a ser visto como abertura para a permissividade.
Boas equipes com uma liderança fraca ou se desintegram ou têm a liderança substituída. Já um bom líder é capaz de transformar discórdia em união, apatia em entusiasmo, prejuízo em lucro, ressentimento em sorriso.
Mas não existem líderes solitários. Se o líder está só, na verdade não está liderando ninguém...
Fonte: Tom Coelho é formado em Economia pela FEA/USP e em Publicidade pela ESPM/SP. Tem especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP. É empresário , consultor, professor universitário, escritor, palestrante, diretor da Infinity Consulting e diretor estadual do NJE/Ciesp.