As características essenciais da Anorexia Nervosa são a recusa do paciente a manter um peso corporal na faixa normal mínima associado à um temor intenso de ganhar peso. Na realidade, trata-se de uma perturbação da auto-percepção da forma e do tamanho do corpo. A recusa alimentar é apenas uma conseqüência dessa distorção doentia do esquema corporal. A Anorexia Nervosa é então um transtorno alimentar caracterizado por limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso.
Os transtornos alimentares podem atingir pessoas de diferentes camadas sociais, raças, graus de escolaridade e sexo. Mas, em geral, ocorrem com mais freqüência na classe média e média-alta e nas mulheres, principalmente com idades entre os 13 e os 30 anos.
A pessoa que pesa menos que 85% do peso considerado normal para a idade e altura costuma ser um dado valioso para se pensar em anorexia. A CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) recomenda que a pessoa tenha um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou inferior a 17, 5 kg/m2 sugestivo de anorexia.
A perda de peso nas pessoas com Anorexia Nervosa é obtida, principalmente, através da redução do consumo alimentar total, embora alguns pacientes possam começar "o regime" excluindo de sua dieta aquilo que percebem como sendo alimentos altamente calóricos. A maioria dos pacientes termina com uma dieta muito restrita. Nos casos mais graves o paciente adota métodos adicionais de perda de peso: indução de vômito, uso de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios intensos ou excessivos. Sem falar das pesagens excessivas, medições obsessivas de partes do corpo e uso persistente de um espelho. As mulheres que já menstruam costumam apresentar supressão das menstruações (amenorréia) quando acometidas de Anorexia Nervosa.
Não se conhecem as causas fundamentais da Anorexia Nervosa. Há autores que evidenciam como causa a interação sociocultural mal adaptada, fatores biológicos, mecanismos psicológicos menos específicos e especial vulnerabilidade de personalidade.
Uma vez instalada, inicialmente a anorexia rouba a crítica em relação ao próprio corpo. A pessoa vê-se gorda quando de fato não é; essa concepção distorcida do próprio corpo é de natureza delirante.
Nas adolescentes a anorexia causa interrupção do crescimento e da maturidade sexual, baixo rendimento intelectual, vulnerabilidade à infecções, queda de cabelo, quebra das unhas, amolecimento dos dentes, enfim, todo o quadro associado à desnutrição. Um final fatal pode acontecer se o transtorno não for corrigido a tempo.
Existem duas grandes dificuldades no tratamento da anorexia: a demora em procurar o atendimento médico e a falta de aceitação de tratamento. Na realidade, a primeira reflete a recusa da família em aceitar a doença e a segunda a recusa do paciente.
Quando seriamente abaixo do peso, muitos pacientes com Anorexia Nervosa manifestam sintomas depressivos, tais como humor deprimido, retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse diminuído por sexo, e sintomas físicos como supressão de menstruações, intestino preso, dor abdominal, intolerância ao frio e letargia. Também pode haver queda significativa na pressão arterial, hipotermia e pele seca. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa apresenta pulso lento (bradicardia).
A idade média para o início da Anorexia Nervosa é de 17 anos, com alguns dados sugerindo picos aos 14 e aos 18 anos. O início do transtorno raramente ocorre em mulheres com mais de 40 anos. O aparecimento da doença freqüentemente está associado com um acontecimento vital estressante, como sair de casa para cursar a universidade, casamento, rompimento conjugal, etc.