Usuário:

Senha:


Esqueci a Senha!    
Cadastrar-se    



 

   Cuidar com Cuidado se Cuida

Atualmente ouço muito a palavra cuidar. Mas o que é cuidar? Algo novo, moderno, recém descoberto? Certamente não. Atual? Totalmente.

A partir do nascimento, todo ser humano é completamente dependente do cuidado para sobreviver. Não existe uma única pessoa, por mais independente que seja, que nunca necessitou do cuidado de alguém. Somos eternos devedores aos nossos cuidadores. Pessoas que ao longo de nossa existência exerceram o cuidar. Ofereceram tempo, mão de obra e dedicação. Observaram a necessidade e supriram a demanda.

Embora instintivamente pertinente à raça humana, atualmente, o cuidar é vendido. Os cuidadores passaram a ser chamados de profissionais da saúde e os objetos de seu cuidado, clientes. O ato de cuidar recebeu nomenclatura científica e deslocou-se do bom senso para o profissionalismo.

A partir do momento em que o cuidado foi transformado em produto, dentro de uma ótica capitalista, ele passou a gerar lucro. Inspirou o interesse de muitos. Uma mina de ouro aberta à exploração, no bom sentido. Qual foi o resultado? Decadência do cuidar? Muito pelo contrário. Como qualquer outro produto, passou a ser supervisionado pelas lentes da qualidade. Entretanto, o cuidado passou a significar custo. Financiado pelo bolso dos próprios clientes, do governo ou da benevolência de alguém.

Na busca de um posicionamento quanto ao cuidar, os profissionais ligados à saúde se deparam com a dúvida: Por quê estamos cuidando? Pelo lucro, pelo instinto ou por altruísmo? O cuidar, para alguns, significa interagir diretamente com os clientes, para outros, atuar em serviços intermediários. Mas ainda há muitos outros que estão incluídos no processo de cuidar sem nunca terem entrado em contato com seus clientes. Atuam nos bastidores, suprindo todas as demandas que o cuidar requer. E não são menos importantes por isso.

Além do cuidar envolver tanta gente, ele envolve tecnologia, máquinas, elementos sem coração, frios e insensíveis, mas totalmente essenciais na humanização do cuidado. Será um equívoco o que acabei de dizer? Acredito que não. E não é a primeira vez que afirmo isso. Um trecho do meu livro UMA LUTA PELA VIDA explica esse raciocínio:

“A tecnologia existe. Negá-la não nos levará a lugar nenhum. Dizer que ela é desumana, também não funciona. Nós temos a capacidade de ser muito mais desumanos do que as próprias máquinas. A solução é usar dessas ferramentas para o próprio bem do cliente. Enxergá-las como o carro que nos leva à praia no verão. Uma máquina totalmente mecânica, fria e sem emoções, mas que nos proporciona os mais inesquecíveis momentos”.

O aperfeiçoamento do cuidar depende tanto da adesão aos benefícios da tecnologia quanto da humanização de todos que direta ou indiretamente cuidam, enxergando mais do que lucro, mais do que instinto, mais do que altruísmo, enxergando a gratidão no olhar de cada cliente, a mesma que um dia esteve presente nos nossos próprios olhos. Então, passamos a cuidar do cuidar com cuidado.

Fonte: Lia Persona é técnica em enfermagem e estudante da Unicamp www.enfermaginando.blogger.com.br; Email: lia@widesoft.com.br


Fonte: www.saudebusinessweb.com.br


Envie este artigo para um amigo Imprimir este artigo Comentários




Voltar para a p�gina anterior