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   Relação Corpo Mente Trabalho - Parte I



A qualidade de vida das pessoas tem sido uma constante preocupação das mais variadas linhas de estudiosos. Cada uma dessas, por sua vez, valoriza ações e defende prioridades que nem sempre convergem para um mesmo ponto. No entanto, existe um consenso em torno de uma vertente: o equilíbrio do ser humano precisa ser visto sob três primas "mente-corpo-espírito". Essa busca pela harmonia humana chega às empresas das mais variadas formas, pois as organizações já identificam que não é apenas suficiente investir em novas tecnologias, mas é necessário valorizar o capital humano em todas as suas dimensões. Isso reflete diretamente na relação corpo-mente-trabalho e essa, conseqüentemente, passa a ter reflexo direto na saúde da empresa como um todo.

Para falar sobre a relação corpo-mente-trabalho, o RH.com.br entrevistou Mônica Cristina Landim, consultora em Desenvolvimento Humano e pesquisadora, há mais de 17 anos, da relação corpo-mente, expansão da consciência e criatividade, com principal enfoque nos efeitos dos pensamentos e atitudes que moldam a realidade das pessoas no dia-a-dia corporativo.

"Da mesma forma que uma planta que é cuidada com carinho e recebe água e iluminação solar em medidas saudáveis tende a ficar viçosa e cada vez mais bonita, o ser humano que opta por cuidar-se física-mental-emocional-espiritualmente também tende a irradiar uma energia muito mais positiva e produtiva, do que aqueles que se entregam ao negativismo", afirma Mônica Landim, ao ressaltar que as empresas não podem deixar de dar atenção à relação corpo-mente dos colaboradores, pois essa é um dos fatores que interfere no desempenho e no aproveitamento das competências de cada pessoa. A entrevista é um momento de reflexão tanto pessoal quanto profissional. Confira e boa leitura!

RH.com.br - Quais as características de uma pessoa que tem uma relação corpo-mente saudável?

Mônica Landim - É uma pessoa que aprendeu a "selecionar seus pensamentos", investindo naqueles que a fazem sentir-se bem, plena, feliz em ser quem realmente é. Ao mesmo tempo é capaz de ouvir e perceber as mensagens do próprio corpo. Nosso corpo tem uma imensa sabedoria. Contudo, devido aos condicionamentos que vamos recebendo ao longo da vida, temos a tendência de nos desconectar dessa sabedoria. Hoje, é comum perceber que se uma pessoa tem uma gripe ou uma dor de cabeça. Ao invés de tentar descobrir o que o corpo quer lhe dizer com isso, a pessoa já toma logo um comprimido para que a "dor passe". Mas e a causa, como fica? É como se um mensageiro enviado para lhe dar um recado, ao chegar, ao invés de ser ouvido, fosse preso e amordaçado. Sua missão que era entregar a mensagem foi sabotada. Então, o que acontece? Aquele que enviou o mensageiro se for persistente - como é nosso organismo, tentará enviar outros mensageiros mais poderosos até que a mensagem seja recebida, ou buscará outras táticas para ser ouvido. Ela não espera os mensageiros radicais, pois está atenta aos menores sinais tanto positivos quanto negativos.

RH - Quais seriam esses sinais?

Mônica Landim - Nesse caso, positivos são aqueles que nos fazem nos sentir bem. Então, quando esta pessoa está se alimentando, por exemplo, ela presta atenção em como este alimento se dissolve na sua boca, chega ao estômago. Como o corpo o recebe. E como ela se sente durante e após a refeição. Este é o caminho para uma vida saudável e feliz, buscar sempre aquilo que lhe faz bem de forma equilibrada, sem exageros. E não há uma receita única, pois somos todos diferentes. Então, o que é bom para um, pode não ser para outro. Por isso, existe a necessidade desta integração mente-corpo para encontrarmos e compreendermos nossas próprias medidas.

RH - Isso implica afirmar que uma relação corpo-mente é sinônimo de equilíbrio emocional?

Mônica Landim - Equilíbrio emocional, físico e mental. Para você ter uma idéia, muitos pesquisadores modernos da neurociência, já não escrevem mais corpo e mente como duas "coisas" dissociadas. Usam o termo corpo-mente, porque ainda não temos uma palavra única, uma vez que ambos vêm sendo estudados separadamente. No início esta separação foi porque se pensava que realmente eram entidades distintas, depois, porque didaticamente ficou mais fácil assim. Mas com o estudo cada vez mais avançado dos neurotransmissores, já se sabe que o corpo influencia a mente e vice-versa. Isso para os orientais não é novidade, pois a medicina chinesa, por exemplo, trabalha esta influência há mais de cinco mil anos.

RH - Quais os fatores que interferem negativamente no equilíbrio da relação corpo-mente?

Mônica Landim - São vários. A falta de contato com o nosso corpo é um exemplo. Aprendemos em nome da "beleza comercial", a maquiá-lo, apertá-lo em roupas e calçados muitas vezes desconfortáveis, dopá-lo com remédios que inibem nossas sensações e esquecemos como ouvi-lo e compreendê-lo. Quem começou a popularizar um pouco mais este assunto foi o estudo da psicossomática, que demonstrou a relação entre as causas emocionais das doenças e os seus sintomas. Infelizmente, muitas das descobertas foram distorcidas ou usadas de maneira inconseqüente, o que acabou criando uma série de preconceitos em relação ao tema.

Podemos também tomar como exemplo, o excesso de preocupações e angústias que geram e lançam substâncias nocivas em nossa corrente-sangüínea. Segundo a Dra. Susan Andrews, que esteve presente no CONARH 2005 mostrando como podemos aplicar a psicologia positiva no nosso trabalho cotidiano, pesquisas científicas demonstraram que quando uma pessoa fica cinco minutos lembrando uma raiva vivida anteriormente, a "imunoglobulina A" - anticorpo do sistema imunológico que compõe a primeira linha de defesa do nosso organismo baixa por 6h. Se esta mesma pessoa fica por cinco minutos lembrando de algo que reviva o amor ou a compaixão a "imunoglobulina A" aumenta por 6h, o que fortalece nossas defesas imunológicas. Assim, fica mais fácil compreender porque pessoas que vivem remoendo seu passado são mais suscetíveis a adoecer. Por isso os benefícios do bom-humor para o organismo são tantos, porque o bom-humor libera substâncias benéficas ao organismo.

RH - Que fatores positivos servem para alimentar a relação corpo-mente do ser humano?

Mônica Landim - A ousadia de se sentir bem consigo mesmo, de prestar atenção às próprias sensações tanto as prazerosas quanto aquelas que incomodam. De "ampliar" a famosa "zona de conforto" e experimentar novos jeitos de pensar, de ver a vida, de interpretar as coisas que nos acontecem, de comer, de vestir, de andar, de trabalhar, de se relacionar. Enfim, fazer do viver um constante caminho de autodescoberta ao mesmo tempo em que vai dando força para aquilo que sente de bom. Da mesma forma que uma planta que é cuidada com carinho e recebe água e iluminação solar em medidas saudáveis tende a ficar viçosa e cada vez mais bonita, o ser humano que opta por se cuidar física-mental-emocional-espiritualmente também tende a irradiar uma energia muito mais positiva e produtiva, do que aqueles que se entregam ao negativismo. Dizem que falar sobre isso é mais fácil do que fazer, pois nossos desafios nessa jornada são muitos. Mas o que percebo, é que isto também de certa forma é uma "desculpa" para não começar. Se a pessoa quer realmente viver é necessário empreender esta busca consigo mesma e é aí que tem havido muito equívoco. A maioria busca fora, "no outro", a realização, a felicidade, a alegria, o amor, a saúde, a compreensão, a aceitação que estão do lado de dentro da pessoa.

RH - O ambiente de trabalho também influencia essa relação?

Mônica Landim - Sim, porque como as pessoas não são estimuladas e preparadas desde a infância a lidarem com este processo natural de forma natural, a tendência mais comum é o desconhecimento e quando o local de trabalho também não incentiva uma relação saudável entre corpo-mente a pessoa tem mais uma força contrária. Então, se a pessoa não tem consciência disso, se não sabe o que fazer e se tem mais um estímulo para continuar não fazendo nada a respeito o que acontece? Não preciso responder, olhe ao redor e perceberá. Agora, pessoas que descobriram a importância dessa relação e estão conscientes de que são responsáveis por si e se trabalham neste sentido são menos influenciáveis pelo local de trabalho e em alguns casos podem até influenciá-lo positivamente. Vale ressaltar, que isto tudo não pode ser visto assim, de forma superficial como se a "culpa fosse da empresa". A questão de muitas empresas não trabalharem essa relação é histórico-cultural e não proposital.

Continuação na próxima segunda-feira (09/10) - Por que as empresas devem se preocupar com a relação corpo-mente dos colaboradores?


Data de Publicação:  29/9/2006    Fonte: rh.com.br


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