Ao longo dos milênios, o homem descobriu e tem comprovado que, de alguma forma, há como manipular as forças da natureza, desviando as energias negativas para longe de si, de preferência para seus inimigos, canalizando as energias positivas para si. Descobriu também que as plantas têm poderes curativos e protetores contra forças negativas, como é o caso da arruda, da comigo-ninguém-pode e do alecrim, usadas para afastar o azar, e que banhos com ervas apropriadas têm poderes fantásticos. Além do mais, outras substâncias, como o sal grosso e o vinagre são respeitadas no combate ao azar, assim como o açúcar, o mel e as frutas em geral são utilizadas para atrair a sorte.
Percebeu ainda o homem que os deuses bafejavam com a sorte seus eleitos e que era preciso fazer de tudo para cair nas suas graças. As oferendas foram o meio encontrado para atender essa necessidade e manter-se em evidência aos olhos das divindades. Essas oferendas iniciais são o que podemos chamar de primeiras simpatias na história da humanidade.
Superstição e medicina popular sempre fizeram parte da vida de todos nós brasileiros. Isto são traços muito marcantes de nossa cultura e, até pouco tempo, muitas simpatias permaneciam ocultas, sendo passadas de gerações à gerações e protegidas por segredos invioláveis. Algumas dessas mais poderosas simpatias, rezas e benzeduras foram repetidas há séculos pelo interior do Brasil e transmitidas entre as gerações. Entretanto, para que elas dêem certo e surtam os efeitos desejados, precisamos nos conscientizar da força que elas possuem e desenvolvê-las para seu próprio progresso e de toda a humanidade.
Ninguém sabe por que não se deve passar debaixo de uma escada, mas ninguém passa. Não há explicação científica para os poderes atribuídos a plantas como a arruda, o alecrim ou o comigo-ninguém-pode mas mesmo quem mora em apartamentos dá um jeito de ter uma dessas três plantas (ou todas elas) num vaso, para espantar o azar. O que leva o homem a atribuir a um gato preto o poder de atrair o azar? Qual a origem da sorte trazida pelo trevo-de-quatro-folhas? Quais os poderes do pé-de-coelho?
No decorrer do tempo, por excesso de zelo daqueles que inventavam as religiões, importantes conhecimentos foram destruídos e perdidos para sempre, deixando sem respostas muitas das questões que hoje intrigam os estudiosos. Essas simpatias e superstições não surgiram do nada ou foram criadas por uma imaginação fantasiosa. Se assim o fossem, já teriam desaparecido há muito tempo.
Há quem diga que isso é tudo bobagem, que não faz nenhum sentido, que é coisa de país subdesenvolvido. Mas muitos atribuem curas, soluções de todos os tipos de problemas e conquistas de objetivos importantes à ajuda de algumas simpatias, rezas ou benzeduras que aprendeu com alguém. Para os folcloristas e estudiosos do assunto, embora exista muita deturpação, inúmeras práticas tradicionais têm origem bem fundamentadas, e elas estão ligadas à própria história remota de cada povo.
A enorme gama de simpatias, rezas e benzeduras conhecidas no Brasil é resquício de religiões de nossos antepassados, seja do cristianismo, das religiões indígenas ou africanas. As rezas e o uso de óleo, vinho, sal e água são originários dos primórdios da Igreja Católica. O uso de outros objetos vem do totemismo - aquelas religiões que utilizavam objetos (plantas, animais e minerais) para representar divindades onde seriam direcionados seus pedido.
As simpatias são práticas mágicas, que fornecem a quem as realiza com fé e pensamento positivo, um meio para atingir seus objetivos, pois funcionam como catalisadores de energia, obedecendo a um direcionamento programado. Desta forma, através delas o homem pode evoluir, atingindo graus mais elevados na escala da vida, seja material ou espiritual. A felicidade de cada um é o desejo do próprios Criador. Em sua bondade eterna, ela nos contempla com meios para sermos melhores e, assim, podermos chegar até Ele.
Provavelmente você também já ouviu falar de amuletos ou talismãs - pequenos objetos (figuras, medalhas, figas) que tem poderes mágicos e que pode afastar o azar ou trazer sorte, possibilitando a realização de aspirações ou desejos. Esses amuletos são uma constante no comportamento humano e, desde a antiguidade, são encontrados nas mais variadas culturas. Geralmente feitos de pedra ou pedaço de metal com uma inscrição gravada, os amuletos são usados, principalmente, em volta do pescoço para proteção contra doenças e bruxarias e para afastar desgraças e malefícios, além de trazer sorte.
Segundo uma tradição dos povos ribeirinhos da Amazônia, o olho do boto ou do peixe-boi serve para enamorar as pessoas. Ouvir o canto do uirapuru garante a felicidade e conservar a pele do jurutau, ave de hábitos noturnos, protege as moças virgens. A figa, que muitos acreditam ser de origem brasileira, já era um amuleto popular na Grécia e em Roma. Tendo sido usada para combater a esterilidade, também lhes são conferidos poderes contra o mau-olhado (poder maléfico atribuído ao olhar de certas pessoas, podendo provocar desgraças, doenças e até a morte).
As gemas, os metais, as conchas e muitos outros materiais tornaram-se amuletos preciosos pois, uma vez descoberto o segredo, fazem a ligação entre o homem e a realização, de alguma forma, de suas aspirações mais secretas de se sobressair aos demais. Entre os povos, o quartzo pessoal tinha um poder tão grande que não podia ser tocado por terceiros em hipótese alguma. Os alquimistas analisaram as propriedades mágicas do cristal e, em associação com outros metais como o ouro e a prata, criaram talismãs de alto poder, capazes de atraírem a sorte ou expulsarem o azar. Os orientais até hoje usam como pedra da sorte aquelas gemas de luminosidade faiscante, como a safira, o olho-de-gato e a opala.
São inúmeros os amuletos e talismãs usados para afastar o mau-olhado e o azar, trazendo sorte e proteção contra doenças e bruxarias: pé-de-coelho, figa, ferradura.