Afinal de contas, o cemitério polui ou não o meio ambiente com o necrochorume? A resposta é SIM e NÃO.
Sabe-se que três quartas partes do nosso corpo são constituídas por água combinada com substâncias orgânicas e inorgânicas. Após a morte na chamada fase coliquativa, a qual se inicia após a fase gasosa, com duração de seis a oito meses, os corpos em decomposição liberam um líquido funerário característico, conhecido popularmente por necrochorume, (30 a 40 litros) de maneira intermitente. Este líquido mais viscoso que a água, de cor acinzentada, com cheiro acre e fétido é constituída por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas degradáveis, duas delas, a putrescina e a cadaverina são venenos poderosos para os quais ainda não se dispõem de antídotos eficientes.
Quando o solo possui uma boa capacidade natural de depuração (alto teor de argila) e o nível do lençol freático tem uma profundidade acentuada, permite o tempo necessário para que a ação dos microorganismos decomponha o necrochorume em substâncias simples, inofensivas ao homem e benéficas à natureza antes de atingir o lençol freático. O necrochorume se transforma em adubo orgânico e as bactérias e vírus morrem. Nessa condição dita ideal, o cemitério não contamina o meio ambiente.
Mas, quando o solo permite uma infiltração rápida, quando a profundidade do lençol freático é baixa, quando os túmulos não são tão bem construídos, quando o cemitério não possui uma boa canalização das águas das chuvas, nessas condições, não há tempo hábil para a decomposição em substâncias inofensivas e o necrochorume atinge o lençol freático praticamente com todas as suas cargas químicas e microbiológicas representando um enorme perigo à saúde pública.
Diante do exposto, existem cemitérios que não contaminam o meio ambiente, existem cemitérios que contaminam e existem cemitérios que uma parte contamina e a outra não.
Na próxima semana você poderá ler a 2ª parte desta matéria: Necrochorume – Possibilidade de Solução