Prevenção tem sido a palavra-chave para o futuro dos seres vivos do planeta Terra. Nós fomos acostumados a ouvir expressões como: "é melhor prevenir do que remediar", mas parece que não demos muita atenção à pratica dessa política de comportamento e o meio ambiente tem sofrido bastante.
Prevenir, evitar dano, mal, precaver-se, ter cautela, antecipar-se, preparar-se, premunir-se. Imagine isso aplicado ao dia-a-dia, em todos os atos que requerem uma visão antecipada sobre os efeitos nocivos à construção de uma vida saudável. Estou certa que a vida seria muito mais fácil e bela.
Vejamos... você é fumante e além de não pensar sobre os efeitos negativos que provocam o cigarro em sua saúde você pega o toco de cigarro aceso e joga pela janela do carro, num matagal, na estrada onde passa, e nem vê o incêndio que provoca porque o velocímetro está a cem por hora. Ou joga na rua, em qualquer lugar, onde depois essa ponta se juntará a outras e outras, poluindo rios, mares e terras, degradando ambientes antes cheios de vidas. Que estrago, que crime, e você nem aí.
No entanto, nessa situação específica, vamos dizer que você já ponderou todos os riscos que o cigarro provoca em sua saúde, resolve continuar fumando, mas é um fumante consciente e não joga bitucas de cigarro no chão. Improvisa um cinzeiro ou até guarda no bolso para jogar nos lugares adequados. Nesse caminho você pode chegar à conclusão, em breve, de que não vale a pena continuar fumando e até poderá se engajar em campanhas contra o tabaco.
Anualmente são jogadas 33 mil toneladas de pontas de cigarros no chão. Em 2001 foram consumidos 140 bilhões de cigarros. Imagine os gastos com a saúde e os prejuízos com o meio ambiente e como poderíamos reverter esses custos para uma vida mais saudável, agradável, sem pigarros e problemas cardíacos ou pulmonares gerados pelos males da nicotina! Quantos bueiros, rios, mares e pedaços de terras férteis desse Brasil afora, por exemplo, foram contaminados com os restos de cigarros jogados ao chão, como se não representassem nada para o meio ambiente!
Agora, vejamos outra situação. Todos os dias que sai de casa você pega o saco de lixo e joga diretamente na rua. Este lixo é fuçado pelos cachorros, pelos ratos e baratas, e bem perto dali existe uma horta, que abastece o seu e outros bairros da cidade. As bactérias se espalham, os germes se proliferam e a alface que você compra na horta vem contaminada, provocando doenças que poderiam ser evitadas.
Imagine a situação inversa. Você coloca dentro da lixeira, com cuidado para não rasgar o saco. Depois o caminhão vem, pega o seu saco e todos os outros que compõem o lixo da comunidade, leva para o lugar adequado e a horta do seu bairro fica livre da contaminação provocada por um comportamento mal-educado seu e de outras pessoas, que como você também jogam o lixo fora da lixeira.
Em casa, você entra no banheiro, por exemplo, e faz um verdadeiro festival de desperdício de água potável. Começa pela torneira da pia, que deixa aberta enquanto se barbeia ou escova os dentes, continua no chuveiro enquanto se ensaboa e cantarola, e depois entra pela cozinha, quando vai lavar um prato, e acaba na porta da rua, deixando a mangueira jorrar para lavar o carro. Não tem problema, tá tudo incluído na conta do condomínio, não é mesmo? Tanto faz você gastar um litro como 10 mil litros e a conta será a mesma. Errado. Quanto mais cada condômino economizar, menos será o total da conta para cada um dos moradores. E essa filosofia de racionalidade do uso dos recursos naturais deveria ser adotada pelos síndicos, responsáveis pela administração dos serviços onde mora a maioria da população do planeta.
Prevenção tem tudo a ver com boa educação doméstica, com bons hábitos, com higiene, com conhecimento, cultura e necessidade de promoção de uma vida saudável. Prevenir é antecipar-se, é ter uma visão ampla, projetada para o futuro, é resultado da sensatez. Da necessidade de cuidado, zelo, carinho, com tudo o que nos cerca.
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Liliana Peixinho: é jornalista, correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, articulista ambiental de jornais e revistas, aluna do MBA de Turismo e Hotelaria da FABAC - Faculdade Baiana de Ciências, voluntária da ONG Verde Limpo, coordenadora de Comunicação do IDA - Instituto de Direito Ambiental, Educação e Sustentabilidade e da AMA -Amigos do Meio Ambiente, autora de projetos sobre comunicação ambiental e de proposta para tese de mestrado sobre Mídia e Meio Ambiente. Pode ser encontrada pelo e-mail
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