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   É Amor ou é Vício?

 
Quase toda empresa tem os dois tipos. Ambos se esforçam e são produtivos. Um deles, estressado, não consegue abrir uma brecha para o lazer. No escritório, ele se esconde dos problemas da vida pessoal, que geralmente vai de mal a pior. É o workaholic, viciado em trabalho. O outro chega empolgado na segunda-feira, mantém o entusiasmo a semana toda e cultiva uma vida pessoal animada. Trata-se do worklover, o apaixonado pelo trabalho. O termo nasceu de uma série de estudos que atestam que estar satisfeito com o trabalho faz bem tanto para a cabeça quanto para o corpo.

Uma pesquisa da Universidade de Manchester, na Inglaterra, com 250 mil trabalhadores, concluiu que funcionários insatisfeitos têm maior possibilidade de apresentar baixa auto-estima, ansiedade e depressão, sintomas associados ao estresse. Também são afetados os sistemas imune, cardiovascular e digestivo. Doenças causadas pelo esforço repetitivo podem ser agravadas. 'Passamos mais horas no trabalho que em casa. Se ele não satisfaz, a saúde é danificada', diz Cary Cooper, professor de Psicologia Organizacional e Saúde de Manchester e ex-consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

É nesse caso que se incluem os workaholics. Atitude glorificada até a década de 90, a entrega total ao trabalho passou a ser alvo de críticas pesadas, principalmente da área de saúde. Quem é mais valorizado agora é o funcionário que trabalha muito, sim, mas porque une a obrigação com o prazer. Os worklovers se entregam ao trabalho tanto quanto os workaholics, mas parecem ter a capacidade de extrair dele ainda mais energia.

O que os faz assim? Vários pesquisadores vêm investigando os motivos que levam uma pessoa a ser feliz ou não no trabalho. O essencial parece ser o prazer que vem da realização das tarefas em si e do significado que elas produzem. Isso não tem necessariamente a ver com salários altos, como atestou a equipe do coordenador do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília, Wanderley Codo, num estudo com cerca de 200 mil professores da rede pública. Mesmo sob péssimas condições, 86% se disseram satisfeitos.

Segundo a tradição judaico-cristã, o trabalho foi imposto ao homem como castigo quando ele foi expulso do paraíso. Somente a partir do século XVI, com a ética protestante, trabalhar passou a ser dignificante. Hoje, a ambigüidade persiste: trabalho é sofrimento, mas dignifica. Mais que isso, nos dá identidade.

'Quem está sem emprego se sente por fora, perde as relações sociais', diz a psicóloga Rosângela Casseano, consultora do site Sucesso e Carreira. No outro extremo, não é raro pessoas se definirem em situações sociais por suas credenciais profissionais. 'Alguém que só vive para o trabalho não cultiva uma base de apoio familiar e social. Não lhe sobra nada se perde o emprego', afirma o sociólogo do trabalho Angelo Soares, da Universidade de Quebec, no Canadá.



Fonte: Revista Época - Maíra Termero


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