Será que sabemos amar? O que é o amor?
Quando nascemos e até aproximadamente dois anos de idade, "somos puro amor". Nossa essência é totalmente amorosa e inocente, a vida é bela, o que importa é o "aqui e agora", o toque "amoroso" de nossos pais, o alimento que nos é dado, o mundo novo se apresenta e a curiosidade e o desejo de conhecer é imenso.
Nossos pais tem sempre as melhores intenções, porém será que eles receberam amor de seus pais? Será que eles sabem amar?
Hoje em dia é mais do que claro em estudos de psicologia infantil que aprendemos por imitação. O agir, o pensar, o sentir dos pais são imitados pelos filhos e por aí vai. E é lógico que "captamos a forma de amar de nossos pais e a forma de como eles se amam e nos amam".!!!!
A criança, desde sua fase intra-uterina, começa a perceber um mundo à volta dela. A antena está ligadíssima e tudo que acontece ao redor é recebido de forma muito intensa pela criança.Ela começa a entrar em contato com os limites e com os famosos nãos!!! O certo e o errado surgem da visão sem consciência de nossos pais e da sociedade.
Aos dois anos a criança está se descobrindo, se conhecendo, percebendo seu corpo e começa a se tocar.Por exemplo, se há um toque excessivo nos genitais, logo vem a repressão e um "não, isto é errado!!!, tire a mão daí!!!!"
Neste momento já acontece um bloqueio para o amor, pois para amar precisamos nos conhecer, sem conhecimento não há amor e para nos conhecer precisamos tocar e ser tocados, sentir os sentidos!!!!
Ora, a vida só tem sentido quando é sentida!!!
Voltemos um pouco mais, nos estudos terapêuticos que desenvolvemos com os clientes: percebemos que todo o momento é sagrado (motivos das práticas meditativas das filosofias orientais), assim o momento da concepção, a descoberta da gravidez, a fase intra-uterina, o parto e os primeiros momentos pós-parto são decisivos para o desenvolvimento físico/mental/emocional desta criança.
Quando saímos da barriga da mamãe, temos duas emoções básicas que irão reger nossas vidas até seu término: o medo e o amor. O medo do desconhecido (mundo novo, tudo diferente), o medo da mudança (para onde vou, estava tão quentinho e seguro na barriga), o medo da dor (estão me machucando, estão me batendo e enfiando coisas em mim), o medo de ser abandonado e morrer (para onde estão me levando, eu quero ficar ao lado da mamãe), etc. E por outro lado o sentimento do amor.O toque da mamãe, seu colo quentinho, o leite nutritivo, a presença e a segurança física do papai, o contato fraternal com os irmãozinhos, a sabedoria e experiência dos vovôs. Tudo isto, remete a primeira recepção nesta vida. Assim a forma como fomos gerados e recebidos irá determinar muitos caminhos em nosso destino.
O fato é que nossa sociedade está impregnada de doenças mentais e emocionais e conseqüentemente os pais já foram infectados também. Os papéis sociais, as representações, a hipocrisia, as mentiras e o jogo de poder começam a ser percebidos pela criança, e é claro por trás de tudo isto está novamente o medo e assim a criança começa a descobrir que para vencer o medo ela terá que entrar no jogo, ou seja, ser aquilo que ela não é!!!!!
Surgem então, os papéis/máscaras, ou seja, para ela agradar e ser amada terá que representar um papel social que possa ser aceito e assim a vida vira um filme e muitos personagens são criados!!! (o famoso stress). Neste período as famosas crenças limitantes são desenvolvidas e tornam-se uma sentença.
Aos poucos começamos a nos identificar tanto com estes personagens que passamos a personificá-los, e aquela inocência amorosa de nossa criança vai aos poucos desaparecendo e o amor vai se extinguindo.
O amor, enquanto conceito vira a princípio algo holywoodiano, príncipes e princesas encantadas que duram de um dia a um ano, e de repente, acaba!!! Este príncipe no fundo vem como um herói que salva a mocinha do perigo, porém ele não é todo poderoso assim, pois também está morrendo de medo!!!!!
Se quisermos realmente achar um sentido em nossas vidas e correr atrás dele, a premissa seria esta: Amar e ser Amado!
Buscamos de qualquer maneira, consciente ou inconscientemente atingir metas como: dinheiro, sucesso, poder, fama, atenção, beleza, conhecimento sempre com o intuito de "chegar lá". Esquecemos simplesmente que quando éramos criancinhas pequenas tínhamos muito amor e este amor está presente em nós. Nós somos amor!!!! Não precisamos "chegar lá" para amar e sermos amados!!!
A palavra coração desmembrada cor/ação- significa cor- coragem, ação- agir, ou seja, coragem de agir. Voltemos assim ao tema medo de amar. O amor é, na verdade, uma dádiva conquistada quando aquele ser tem a intenção real de se conhecer profundamente, de se aceitar como é, de se permitir viver o novo!!
Quando assumimos realmente, que não sabemos amar, que não sabemos o que é o amor, mas que temos a intenção verdadeira de a cada dia regar a plantinha do amor em nossas vidas, aos poucos, esta planta começa a enraizar e passamos a acreditar que o amor é a verdadeira força curadora do mundo e que o verdadeiro prazer é o amor e sem amor o prazer simplesmente não existe!!!!
Surge, então, o momento da colheita. Começam a aparecer as flores e frutos nesta planta de amor e começamos a encontrar caminhos em nossa vidas. A saúde melhora, a relação familiar se equilibra, o prazer se expande, a vocação profissional é revelada, encontramos amigos de verdade que estão neste mesmo estágio e surge um(a) parceiro(a) que está disposto a aprender a arte de amar ao seu lado.!!!