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   Fiéis Defuntos

        Nesta quarta-feira, dia 02 de novembro, celebraremos o dia dos fiéis defuntos. É um dia carregado de emoções variadas para todos nós, não importa as condições de cada um e depende dos laços que a eles nos ligam. Mas por incrível que pareça, ele vem acompanhado e repleto de esperanças. Essa comemoração nos evoca a lembrança saudosa de nossos familiares e amigos que partiram desta vida. É a realidade da morte, da qual ninguém pode fugir.

        Na verdade, há diferentes maneiras de se posicionar diante dessa solenidade e, conseqüentemente de celebrá-la.

        Respeitando as convicções e os sentimentos de cada um, o nosso modo de pensar e sentir é, sem dúvida, à luz da fé cristã que dá à vida e à própria morte uma dimensão que ultrapassa os horizontes do tempo presente. Por isso preferimos chamar esse ato de fé de Celebração da esperança.
Na celebração dos mortos, alguns cantos de nossa liturgia retratam na sua simplicidade, com boa inspiração musical e precisão teológica, o que a fé cristã afirma e ensina sobre o sentido da vida e da morte. Limitando-nos a repetir: “A vida, para quem acredita, não é passageira ilusão,/ E a morte se torna bendita,/ porque é nossa libertação”. E o refrão completa: Nós cremos na vida eterna/ e na feliz ressurreição. / Quando de volta à casa paterna/ com o Pai os filhos se encontrarão. Em seguida, prossegue com estas palavras: “No céu, não haverá tristeza/ doença nem sombra de dor/ E o prêmio da fé é a certeza/ de viver feliz com o Senhor”.

        Essa solenidade teve início no mosteiro beneditino de Cluny com seu Abade Santo Odilon. Sua ampla difusão deve-se aos numerosos mosteiros ligados a Cluny e ao estilo do papa Bento XV que, em 1915, estendeu a toda Igreja o privilégio das três missas no dia 02 de novembro, pedindo em sufrágio das vítimas da 1ª Guerra Mundial, que eram muitas.

        Para nós que ficamos, resta-nos um “sentimento de saudades”, que são recordações gratificantes ao nosso coração num esforço de fazer o tempo retroceder e de reviver as alegrias a as consolações que o vento impetuosamente tirou de nossas mãos.

        Às vezes, são lembranças com sombras de tristeza, acompanhadas de arrependimento ou talvez com o sabor amargo de algum remorso, na esperança de um bálsamo de consolação ou busca de superação.

        A esse respeito, vale a pena recordar as palavras de santo Agostinho: “Ter saudades é comum a todos os homens, mas não poderemos ter tristeza, porque a morte é vida para Cristo”.

       

        Fonte: Dom José Carlos Melo, CM -
É arcebispo metropolitano de Maceió.






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