Crianças e Adolescentes
Apesar
das crianças não conseguirem perceber o conceito de morte até cerca dos três,
quatro anos, elas sentem a perda de alguém próximo da mesma forma que os
adultos. É absolutamente certo que também na infância, os sentimentos de
angústia e o processo de luto são fortes. No entanto, as crianças têm uma noção
de tempo diferente da dos adultos e o processo de luto poderá "passar" muito
rapidamente. Nos seus primeiros anos de escola, as crianças poderão sentir-se
responsáveis pela morte ocorrida na sua família e deverão ser asseguradas de que
a culpa sentida é infundada. As crianças poderão não falar do sucedido, por
temerem estar a piorar ainda mais a situação e por não quererem fazer sofrer os
restantes, mas tanto com as crianças como com os adolescentes, nunca se deve
evitar o assunto ou colocá-las à parte. Por isso, também eles devem participar
no funeral e em todo o processo.
Como
Podem Ajudar os Amigos e Familiares?
A
família e os amigos podem ajudar a pessoa em luto passando tempo com ela. Não se
trata de falar com ela sobre o sucedido, mas antes de estar com ela e demonstrar
que estão presentes para o que for necessário neste período de dor e tristeza. É
importante que a pessoa em luto, se necessitar, tenha alguém com quem chorar e
falar sobre a perda sentida, sem que o receptor lhe esteja permanentemente a
dizer para se recompor e refazer a sua vida. Com o tempo, elas recompor-se-ão,
mas antes disso terão de chorar a pessoa perdida e de falar sobre ela. Se
algumas pessoas terão dificuldade em perceber porque é que elas se mantêm sempre
no mesmo assunto, ao invés de o ultrapassar, o fato é que este processo deve
incluir estas fases porque só dessa forma poderá ser ultrapassado. Só desta
forma a pessoa em luto terá a oportunidade de nos dizer o que deseja e como se
sente.
Não
devemos esquecer que datas importantes (o dia do aniversário, do casamento,
etc.) poderão ser particularmente difíceis de reviver e pôr a pessoa em luto a
participar ativamente na preparação de tais celebrações poderá ajudá-la a não se
sentir tão sozinha. É importante dar o tempo necessário à pessoa em luto para
que o possa ultrapassar, pois de outra forma poderá vir a ter problemas no
futuro.
Aqueles que Ficam "Presos" ao Luto
Há
pessoas que parecem não passar pelo processo de luto, que não choram no funeral,
que evitam falar da pessoa que perderam e que voltam à sua vida "normal"
rapidamente. Esta é a sua forma normal de lidar com a perda sem conseqüências
negativas, mas outras pessoas poderão, ao contrário, sofrer sintomas físicos e
passar por episódios repetidos de depressão nos anos seguintes. Algumas pessoas
podem não ter a oportunidade de passar pelo processo de luto da melhor forma,
uma vez que têm de continuar a sua vida profissional ou familiar, não tendo
tempo para o fazer.
Por
vezes, o problema é que a perda sofrida não é vista como suficientemente forte
para que seja necessário um luto, por exemplo, depois do nascimento de um
natimorto ou depois de um aborto.
Algumas pessoas podem iniciar o processo de luto mas permanecer no mesmo, sem o
resolver. Nestes casos, a dor e a angústia por quem se perdeu mantêm-se e podem
mesmo passar anos sem que a situação seja realmente resolvida. Nestes casos, a
pessoa pode continuar a não aceitar que perdeu quem faleceu, mantendo-se na fase
de descrença referida atrás ou, por outro lado, só conseguir pensar em tal
pessoa, mantendo, por exemplo, o quarto da pessoa falecida intacto e como uma
espécie de local de culto.
Ocasionalmente a depressão que ocorre com todo e qualquer luto pode agravar-se
ao ponto de a pessoa deixar de se alimentar e de pensar em suicidar-se. Em todos
estes casos será obviamente necessária ajuda profissional especializada.
Fonte: Universidade Nova de Lisboa
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