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   A Pessoa em Luto e o Ambiente de Trabalho

         Quando alguém morre, aparecem no ser humano uma grande quantidade de emoções e sentimentos, não muito fáceis de identificar, criando em torno dela uma série de necessidades cuja satisfação lhe permite aliviar um pouco a dor que experimenta pela ausência do ser amado.

        No princípio, os sentimentos que se apossam de uma pessoa em luto são contraditórios e em geral negativos: profunda tristeza, sensação de perda irreparável e injusta, sente-se responsável pelo sucedido, pelo que fez ou pelo que deixou de fazer, o que a remete a remorsos e sensações de culpa. É possível também que nos primeiros dias caia em crises de pranto que não consegue controlar.

        Logo após os dias outorgados pela lei, terá que reintegrar-se à vida de trabalho; no entanto, nada mudou, a dor é cada vez mais intensa e a capacidade de concentração é muito reduzida, a vida continua para todos mas para a pessoa de luto não, tudo está desmoronando, parece que o tempo parou e que nada está em seu lugar. Como se  fosse pouco, tem que enfrentar as perguntas e comentários imprudentes e involuntários dos companheiros de trabalho, que por sua vez não sabem o que fazer, nem o que dizer para ajudar.

        Geralmente durante os primeiros dias se sente mais o apoio de chefes e companheiros, que logo, supondo que já se está melhor retornam ao ritmo normal como se nada tivesse acontecido. Há que se levar em conta que a parte mais difícil do luto pode não aparecer nos primeiros dias porque a pessoa se encontra em choque, anestesiada, fora da realidade, é necessário estar atento a suas reações, apoiando o tempo todo; normalmente uma pessoa enlutada não está em condições de identificar suas necessidades, não sabe o que quer.

        É muito importante então conhecer quais são as necessidades da pessoa enlutada no âmbito profissional, que finalmente devem converter-se em direitos, para serem levados em conta e garantir seu bem estar e sua produtividade. É necessário que se respeite o tempo de elaboração do luto, para chorar se preciso, baixar o ritmo de trabalho, pois seu nível de concentração está afetado. Inclusive pode ter neste período dificuldades para tomar decisões e incorrer em erros involuntários.

        A pessoa poderia desejar permanecer em casa mais tempo que o outorgado pela lei, porque se sente incapaz de reintegrar-se a sua vida profissional, mas muito mais que estar em casa, quem está de luto necessita de um espaço de compreensão que lhe permita cumprir o processo de maneira natural. Quer contar com pessoas  receptivas a sua volta, que consigam escutá-la e a acompanhem em sua experiência e que torne válido seu luto evitando minimizar seus sentimentos.

        Cada processo de luto é diferente, tanto quanto seu tempo de elaboração, todavia é importante estar atento no mínimo nos seis meses seguintes depois da perda e também levar em conta que um impacto tão forte como a morte de um ser querido muda de maneira significativa o comportamento e a atitude de quem a vive, por esta razão se diz que depois de uma perda não voltamos a ser os mesmos.

        A vivência do luto pode chegar a impactar tanto a vida profissional que  alguns países latino-americanos têm inclusive estudado a idéia de incluir na reforma trabalhista a proteção da pessoa enlutada, de tal forma que não possa ser despedida durante os primeiros seis meses seguintes a perda.

        Recomendações

        1 - É muito importante respeitar o tempo de elaboração do luto.

        2 - Deve-se permitir e tornar válidas as expressões próprias do estado emocional que causa a perda.

        3 - Ter cuidado de não aumentar a carga de trabalho do empregado enlutado, ou fazer mudanças drásticas em seus horários, ao contrário, se for possível, aliviar sua carga horária ou dar-lhe um suporte por um tempo, seria muito valioso.

        4 - Quando estamos próximos de uma pessoa enlutada, não temos necessariamente que dizer alguma coisa, na maioria dos casos é mais conveniente calar-se e oferecer a possibilidade e um espaço aconchegante.

        5 - O chefe de pessoal deve comunicar-se freqüentemente com a pessoa enlutada tanto quanto com seu chefe imediato, para saber como está o processo de luto, ficar atento às mudanças e oferecer ajuda se for necessário.

        Luz Beatriz Múnera A.,Ana Patricia Bedoya O.- Programa Gota de Luz, Funerária Medellin, Colombia
        Revista Memorial      

       






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