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   Motivação ou Incentivo? Há uma Grande Diferença.

        Assistindo as notícias sobre esportes, vi quando os jogadores de um time de futebol abraçaram-se no túnel de acesso ao gramado, formando um círculo. E o capitão disse, - "vamos lá, a hora é agora. Vamos dar o sangue e fazer o melhor. O que importa é vencer, nem que seja de meio a zero. Porque, do contrário, não poderemos chegar de cabeça erguida às nossas casas".

        Se eles deram o seu sangue ou fizeram o melhor, não tenho como avaliar, mas, sabe qual foi o resultado daquele incentivo? Nitidamente nervosos, erraram acima da média, inclusive o capitão. O time perdeu o jogo e por pouco não foi goleado. Naturalmente, outros fatores também influenciaram o resultado, a começar pelo desempenho do time adversário. Mas, com certeza o discurso não ajudou em nada, e, possivelmente, atrapalhou. Pois, exigir superação permanente, através de discursos inflamados e chantagem emocional, é um tiro certo, pela culatra. E, na boca de líderes informais pode derrubar o que uma equipe inteira construiu.

        Por outro lado, o incentivo pode ser de grande utilidade em momentos decisivos, em que a tensão e a ansiedade atuam fortemente. Principalmente, quando nos recorda as qualidades que temos e as habilidades que já desenvolvemos, e, portanto, estão disponíveis. Ele atua como uma injeção na veia, que entra na circulação imediatamente.

        É um estímulo à motivação. Apesar de ser externo, e na medida em que o agente responsável se ausente, seus efeitos cessem em pouco tempo. Seguindo no exemplo do futebol, acho estranho quando na cobrança de um pênalti o treinador deixa toda a responsabilidade para o jogador. Que fica a mercê dos próprios pensamentos e temores. Ao invés de lembrá-lo de visualizar como bateu os pênaltis nas inúmeras vezes em que treinou com êxito esta jogada.

        O caso oposto é o gerente de vendas que diz ao vendedor, palavras como essas: "Logo mais você vai atender aquele importante cliente, não é verdade? Quero que saiba que estou seguro de que seremos bem representados por você. Afinal, já provou inúmeras vezes que o seu atendimento é nota 10. Não foi assim com a empresa "x", "y" e "z", por exemplo? E, como sempre, estamos aqui para apoiá-lo no que for preciso. Sugiro que você faça uma revisão final das suas anotações para essa reunião, relaxe e vá em frente."

        A motivação é interna, embora também possa ser estimulada externamente. E os agentes principais são as necessidades e os sonhos da própria pessoa. O que lhe confere um caráter mais profundo e duradouro. Ela tem sido objeto de pesquisas científicas a várias décadas, que resultaram em importantes descobertas, registradas nos livros e amplamente divulgadas.

        Este rico conteúdo é um aliado poderoso para conduzir-nos, e às nossas equipes, com a segurança de quem tem uma bússola. Desde que, é claro, saibamos em que ponto estamos e onde queremos chegar.

        O grande equívoco é confundir motivação com agitação, falar alto, contar piadas, dançar, cantar e rir. Nada contra esses comportamentos, a não ser o fato de que eles não são sinônimos de motivação. E a não observação disto pode conduzir a lamentáveis equívocos.

        Foi o que ocorreu quando cheguei a um de meus clientes. E, de fora ouvi o animado treinamento que transcorria lá dentro. Com o gerente discursando e recebendo o apoio dos vendedores. Aguardei o momento oportuno e juntei-me aqueles campeões. Era assim que tratávamos os nossos vendedores.

        Observando as projeções de vendas decorando as paredes, percebi que aquela animação toda estava relacionada com a superação que o gerente propôs para aquele dia. E estranhei quando a reunião foi encerrada, e vi vendedores tratarem de questões pessoais, ao invés de aproveitarem o pique e se dedicarem aos negócios. Era como se tivessem saído de um evento gostoso e divertido. E só. Ao conversar com alguns e acompanhar o trabalho em campo de outros, previ o que comprovaríamos no dia seguinte. A superação tinha ficado só no discurso, dentro da sala de aula.

        Por quê? Para superar os desafios que enfrentamos, dia a dia, seja qual for a nossa profissão, é necessário mais do que incentivos. É preciso,motivação.


        Fonte: Roberto Vieira Ribeiro - Revista Venda Mais






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