Possuir uma boa capacidade de expressão verbal é uma competência que pode
contribuir para o sucesso e, conseqüentemente, para o desempenho de um
profissional qualificado. Além disso, se bem administrada, essa qualidade pode
trazer outros benefícios como, por exemplo, facilitar o desenvolvimento de
aspectos como liderança, auto-estima, autocontrole e até mesmo auxiliar no
domínio de uma situação que precise de um cuidado mais apurado, principalmente
como algumas que costumam acontecer no dia-a-dia organizacional.
No entanto, falar em público nem
sempre é uma tarefa fácil, pois até mesmo aqueles profissionais considerados
altamente preparados e com um bom nível acadêmico também podem se complicar
quando precisam passar uma mensagem verbalmente. Para citar um exemplo, basta
apenas considerar que alguns executivos têm grande dificuldade em proferir uma
palestra ou mesmo defender suas idéias em uma reunião que resulte em decisões
estratégicas. E muitas vezes, situações como essa podem significar um momento
extremamente delicado ou mesmo embaraçoso para o profissional.
"Pior do que não conseguir falar
bem é ter suas idéias rejeitadas publicamente", afirma a consultora de carreira,
Adriana Gomes, ao destacar que uma pessoa que consegue se comunicar bem,
naturalmente irá demonstrar mais segurança junto aos seus interlocutores. Nesses
casos, o medo e a timidez sujem como os principais fatores que dificultam a boa
expressão oral. Mesmo que estejam em ambientes conhecidos, continua a
consultora, as pessoas tímidas não conseguem expressar-se com fluidez e a
situação fica mais complicada quando a situação envolve pessoas estranhas, pois
o locutor sabe que será, de certa forma, avaliado pelo público ouvinte. E a
conseqüência é que a timidez acaba trazendo o medo ao seu lado.
Mas, vale lembrar que não são
apenas os tímidos que podem se complicar no momento de se apresentar em público,
uma vez que também existem outros fatores que podem atrapalhar a comunicação
verbal como, por exemplo, a falta de domínio sobre o assunto ou pouco tempo para
preparar uma apresentação. Com a experiência de ter trabalhado um longo período
na área de Recrutamento e Seleção, Adriana Gomes, deparou-se com vários
executivos considerados muito bem qualificados, mas que se sentiam
desconfortáveis com a idéia de falar em público. Ela se recorda de um caso bem
interessante, quando um candidato concorria para um cargo de controle em uma
empresa multinacional.
"Ele fez carreira em auditoria,
possuía sólida formação acadêmica e como parte do processo seletivo foi
convidado para fazer uma breve apresentação sobre um tema específico. Uma
exigência do cargo seria a apresentação dos resultados da empresa para a matriz
e toda a diretoria em encontros periódicos e mundiais", relembra a consultora.
Apesar de se sentir visivelmente desconfortável com aquela exigência do
processo, no dia da entrevista, o executivo assumiu a responsabilidade de
elaborar uma apresentação de dez minutos, em português, para a diretoria
contratante.
Para preparar sua exposição em
público, o candidato teria uma semana, prazo considerado muito razoável para a
selecionadora. Mas um dia antes da apresentação e para a surpresa de todos, o
executivo entrou em contato com os responsáveis pelo processo seletivo dizendo
que não se sentia confortável para fazer sua apresentação verbalmente. Ele
chegou a afirmar que havia se esforçado, porém estava muito ansioso com a idéia
de falar para um público desconhecido, inclusive, também cogitando se haveria a
possibilidade dele enviar um relatório por escrito. O final desse caso foi o
esperado: o profissional foi descartado do processo.
Por outro lado, nem tudo está
perdido para quem sente dificuldade de falar em público, pois hoje existem
vários materiais de leitura disponíveis sobre o assunto. "Mas só a leitura,
nesse caso, não basta. A prática faz toda a diferença", ressalta a consultora de
carreira. Ela cita que há vários cursos de oratória que abordam a dificuldade de
expressão em público, como também atividades teatrais que podem ser de grande
valor, uma vez que além do aspecto verbal trabalham ainda o corporal, a
respiração e a criatividade das pessoas.
Mas esses recursos de nada
adiantam se a própria pessoa não identificar suas limitações e dificuldades em
relação à própria comunicação, como também procurar minimizar e sanar os seus
pontos fracos. "Isso, só virá a denotar o amadurecimento pessoal e profissional
dessa pessoa", complementa Adriana Gomes. Quando questionada sobre como o
profissional de Recursos Humanos pode auxiliar, por exemplo, um executivo com
dificuldades de expressão, ela afirma que não é de responsabilidade do RH o
desenvolvimento dessa competência e nem tão pouco torná-la obrigatória dentro de
uma organização, pois enquanto o próprio profissional não perceber essa
necessidade, tentativas externas poderão apenas reforçar o problema, ao invés de
solucioná-lo.
"Por outro lado, se houver
interesse e o profissional buscar o RH como suporte para auxiliá-lo na busca de
uma alternativa, acredito que possa desenvolver ou contratar profissionais e
empresas que atuam nessa área, para que sejam desenvolvidos programas de
treinamento e desenvolvimento ou mesmo sugerir a participação em cursos de
oratória e de teatro", conclui a consultora de carreira.
Fonte:
Patrícia Bispo Jornalista responsável
pelo conteúdo da comunidade virtual RH.COM.BR