Responda sinceramente: você escova os dentes pensando na sua agenda do dia? Fica
"só um pouquinho" depois do horário para ler um relatório?Não viaja no
fim-de-semana com a família porque vai trabalhar? |
Bem, se você disse sim para uma dessas perguntas, é provável que
tenha uma forte tendência a workaholism, ou seja, vício em trabalho.
Os workaholics, pessoas que trabalham em demasia, formam um grupo em
crescimento. Apesar de não existirem estudos que os quantifique, sabe-se que os
viciados em trabalho têm um ambiente propício para se desenvolverem - com a tão
falada globalização, a concorrência aumentou e a pressão sobre o profissional
também. Além disso, o advento da comunicações, em especial da Internet, faz com
que o mundo funcione 24 horas, sobrecarregando o cotidiano de muitas pessoas.
Na maioria dos países, a carga horária de um trabalhador oscila entre 35 e 40
horas semanais. Contudo, há profissionais que trabalham 12, 14 horas por dia,
sem contar os sábados e domingos, e continuam ligados fora do ambiente de
trabalho. Levam tarefas para casa e marcam reuniões durante o almoço. Não
desgrudam do laptop, pois checam o e-mail todos os dias, mesmo estando na praia
com os filhos.
Quando o trabalho afeta a vida pessoal, o workaholic começa a perceber que há
problemas, apesar de achar que é possível "dar um jeitinho". É o caso da
jornalista Izabel Reigada, que costuma trabalhar pelo menos 50 horas por semana:
"Quando acho que vou faltar, geralmente aviso na véspera", reconhece. "Depois de
alguns furos, decidi que não quero mais deixar de comparecer a encontros
importantes. É por isso que costumo chegar atrasada... Antes tarde que nunca,
não é mesmo?"
Distanciar-se da vida social não é a única característica negativa do
workaholism. A pessoa estreita os horizontes intelectuais, focando apenas o seu
negócio. E mais. O excesso de trabalho reflete diretamente em sua saúde,
começando pelo surgimento de stress e podendo causar desde doenças físicas -
pressão alta e infarto - a psicológicas - como perfeccionismo em demasia e
depressão.
É bom lembrar que a linha que divide dedicação de preocupação excessiva é
muito tênue. Como analisa Adriana Fellipelli, da empresa de outplacement Right
Saad Fellipeli, "o mundo está em uma velocidade tão grande que não dá para
parar". Contudo, se a prioridade for sempre o trabalho, então é hora de parar e
repensar a própria situação.