Às vezes, as certezas que
temos sobre porque alguma coisa não funciona ou não vai dar certo são tão
básicas e fundamentais, que esquecemos de desafiá-las. É como se
estabelecessemos limites em torno do nosso potencial, e trabalhássemos somente
dentro dessa pequena área. Quando você faz isso, suas idéias passam a ser
limitadas pela pequena área disponível.
Pensadores criativos têm a
maioria das suas idéias originais quando desafiam os dogmas estabelecidos por
outras pessoas sobre o que pode ser feito (e o que não), ou como deve ser feito.
Considere algumas das afirmações já feitas historicamente por autoridades e
‘experts’, compiladas por Michael Michalko, autor de Thinkertoys:
- “Tudo que
havia para ser inventado já foi inventado”. Charles Duell, chefe do Gabinete de
Patentes dos EUA, em 1899.
- “Não existe absolutamente a menor possibilidade
do Homem manipular o poder do átomo”. Robert Millikan, ganhador do prêmio Nobel
de Física, em 1923.
- “Máquinas voadoras que pesem mais do que o ar são
impossíveis”. Lord Kelvin, presidente da Sociedade Real, em 1895.
- “Ninguém
vai gastar seu dinheiro para ir de Berlim a Potsdam em uma hora, se pode ir
grátis a cavalo em um dia”. O Rei da Prússia, prevendo o fracasso das
ferrovias.
- Philip Reis inventou em 1861 um instrumento que podia transmitir
música, e que estava muito próximo de transmitir a fala. Ele foi convencido
pelos amigos que não havia necessidade para um aparelho que transmite a voz, já
que o telégrafo e o código Morse eram tão bons. Quinze anos mais tarde,
Alexander Graham Bell patenteou o telefone.
- Todos os experts em
distribuição achavam que o plano de Fred Smith para a Federal Express seria um
fracasso estrondoso. “Ninguém vai pagar mais por velocidade e garantia de
entrega – já temos os Correios”, disseram.
- Quando o computador apareceu, a
UNIVAC recusou-se a vender o aparelho para empresas, porque achavam que
empresários e executivos não teriam a mínima idéia do que fazer com a nova
máquina nas empresas. Aí apareceu a IBM e roubou esse mercado – mas, adivinhe: a
IBM disse que não havia um mercado para computadores pessoais (“as pessoas não
têm a mínima idéia do que fazer com um computador em casa”); aí apareceu a
Apple.
- Considere a história da Xerox. Chester Carlson inventou a xerografia
em 1938. Mais de vinte das maiores corporações americanas, incluindo IBM e
Kodak, declinaram imediatamente trabalhar o conceito, mais uma vez prevendo seu
fracasso. Afinal, quem é que iria comprar uma copiadora se o papel carbono era
tão barato e acessível?
- Sam Walton começou como franqueado das lojas Ben
Franklin. Quando a direção da empresa franqueadora recusou-se a aceitar suas
sugestões inovadoras, Walton vendeu suas franquias, fundou a Wal-Mart e, no
processo, tornou-se o homem mais rico do mundo. Anos depois, em sua biografia,
Sam Walton filosofou: “Olhando para trás, é para mim uma tremenda alegria que
eles não aceitaram minhas idéias. Isso me forçou a ter que montar minha própria
equipe e programa”.
- Por muitos anos, os bancos acharam que seus clientes
preferiam ‘caixas’ humanos. No começo dos anos 80, o Citibank concluiu que
instalar caixas eletrônicos ajudaria a diminuir os custos. Entretanto, como
achavam que os clientes não iam gostar disso, reservaram os caixas humanos para
clientes VIP, jogando o resto para as máquinas. As máquinas foram
instantaneamente impopulares, e o Citibank parou de usá-las em 1983. Seus
executivos viram provada mais uma vez a teoria sobre humanos e máquinas.
-
Meses depois, outro banco desafiou essa teoria, só que desta vez olhando a coisa
pelo lado do cliente. Descobriram que os clientes ressentiam-se de ter que usar
a máquina porque sentiam-se clientes de segunda classe. O banco reintroduziu as
máquinas (sem distinção ou VIP’s), e elas foram um sucesso instantâneo. Hoje,
mesmo o Citibank reporta que 70% de suas transações são eletrônicas.
- Sempre
que Thomas Edison ia contratar um novo empregado, ele convidava o candidato a
tomar um prato de sopa. Se a pessoa colocava sal na sopa antes de prová-la, era
imediatamente desclassificado. Edison não contratava pessoas que tinham tantos
pré-conceitos estabelecidos em sua vida (quem disse que a sopa já não estava
salgada?). Ele queria pessoas que constantemente questionassem os conceitos
normalmente aceitos.
Se quiser ter perseverança, você tem que
parar de imaginar todas as razões pelas quais alguma coisa não pode ser feita,
ou não vai dar certo, e começar a pensar sobre todas as maneiras que você tem
para fazer com que aconteça e dê certo. Aqui vão três coisas que Michalko diz
que podemos começar a fazer hoje mesmo:
1. Liste os pré-conceitos que você
criou. Reverta cada um desses conceitos, escrevendo num
papel exatamente o oposto de cada um. Pergunte-se o que você pode fazer para
conseguir isso. Ponha na lista o máximo de pontos de vista que conseguir. Por
exemplo, considere o automóvel e Henry Ford. Ao invés de perguntar o comum:
“Como podemos fazer com que as pessoas cheguem ao material e peças a serem
trabalhadas?”, ele reverteu a pergunta: “Como podemos fazer com que o material
chegue às pessoas?”. Aí ele sentou-se e criou a produção em série.
2.
Ande com um elástico em volta do pulso. Sempre que você se pegar desistindo de
uma venda, puxe o elástico e solte-o (é para doer, mesmo!). Antes de desistir de
qualquer venda, pense no mínimo em três maneiras de reverter a situação. Então
vá e aplique-as.
3. Aprenda a arriscar. Se você fizer sempre o que sempre
fez, vai conseguir sempre o que sempre conseguiu. Edison precisou de 50.000
experiências para inventar a bateria. Precisou de quase 10.000 experiências para
descobrir a lâmpada. Ele redefiniu o fracasso quando respondeu a um assistente,
que havia lhe perguntado “Porque você continua com esta tolice? Você já falhou
10.000 vezes”. Disse Edison: “Meu jovem, eu não falhei nem uma vez. Eu aprendi
10.000 coisas que não funcionam”.
Pergunte-se a si mesmo: “Quais são os
três maiores erros, ou os três maiores fracassos, que cometi nestes últimos três
anos?”
Que insights você aprendeu? Se você nunca comete erros, é porque
não está experimentando o suficiente, e nem aprendendo.
Michael Michalko e Raúl Candeloro