Produtos
Quando
ouvimos falar de produtos quase de forma imediata pensamos em objetos materiais
que possuem uma série de atributos físicos reconhecíveis por nossos sentidos.
Mas além de um conjunto de características e atributos tangíveis (forma,
tamanho, cor...) também é um conjunto de atributos intangíveis (marca, imagem
da empresa, serviço) que os acompanham. Do ponto de vista do marketing, produto
é qualquer bem, serviço ou idéia que possua um valor para o consumidor ou
usuário e seja suscetível de satisfazer uma necessidade. Os produtos são na
realidade conjunto de atributos com os quais se satisfazem interesses,
inquietudes ou necessidades de quem os utiliza. Os clientes, empresas ou
particulares não querem produtos e sim soluções ou serviços.
Ter
trocado o significado clássico de produto é uma das contribuições do
marketing na gestão empresarial. As estratégias de lançamento de um produto
no mercado já não se fundamentam só nas características físicas deste, e
sim tomam como referencia a imagem que se passa ao cliente. Isto supõe deslocar
o centro de atenção dos componentes do produto, para a utilidade que sua
aquisição pode conferir.
Uma
vez introduzida esta dualidade, atributos físicos e atributos psicológicos na
definição do produto, é importante considerar também o tipo de mercado que
tomamos como referencia; ou seja, o industrial ou o de consumo.
Mercados
Sem
entrar em discussões sobre as diferenças entre mercados, existem autores que defendem
que o fato distintivo se encontra nas características do processo de compra e
sua finalidade.
Os
mercados de consumo são compostos por indivíduos ou famílias que adquirem
produtos para uso pessoal ou para manutenção da casa. Uma das características
mais importantes deste mercado é a decisão e a compra individual, pois ainda
que não se possa descartar a decisão compartilhada ou influenciada, não há
uma organização formal que planifique, decida, e execute as operações de
compra.
Nos
mercados industriais se comercializam bens e serviços que servem de suporte
para a fabricação de outros ou para serem vendidos de novo. Uma das
características mais peculiares deste mercado é a forma em que se decide a
compra. Em geral existem nas empresas uma área dedicada a desempenhar as
funções de abastecimento da qual participam várias pessoas, cada qual com sua
particularidade.
A
partir desta perspectiva, os produtos funerários poderão ser adquiridos por
compradores individuais, que os utilizarão em sua esfera individual, enquanto
que em outros casos serão adquiridos por compradores institucionais para
incorporá-los à atividade de suas organizações.
Marketing
Não
é difícil intuir que, ainda que falemos de um mesmo produto, por exemplo uma
urna funerária, existirão diferenças em sua comercialização segundo a
forma: fabricante para a empresa funerária ou empresa funerária aos familiares
do falecido.
A
comercialização de qualquer bem se leva a cabo mediante a utilização de umas
técnicas padronizadas que, fundamentalmente, são sempre aquelas capazes de
atuar sobre os integrantes do marketing-mix (preço, produto, comunicação e
distribuição), independente do bem de que se trate. Os princípios básicos da
gestão das variáveis do marketing são os mesmos nos mercados industriais ou
de consumo, o que variará será a intensidade do esforço com que se aplicarão
sobre cada um dos componentes do citado marketing-mix.
Uma
das intenções deste artigo é convidar o leitor a que analise os produtos
funerários dos dois ponto de vista, ou seja, como empresa ou como cliente. O
mesmo produto terá diferentes conotações em cada caso e o interessante é
observar as diferenças que existem e as que não costumamos pensar.
Produto
Industrial
Quando
se fala de marketing industrial, nos referimos a gestão das variáveis
comerciais, constantes do processo de transação de produtos entre empresas.
Neste momento, seguindo com o exemplo, estamos falando de fabricantes de urnas e
empresas funerárias.
O
fabricante de urnas deve oferecer benefícios que sejam diferenciáveis e
quantitativos. Seus produtos devem ter especificações técnicas detalhadas e
estar acompanhadas de garantias suficientes. Os analistas comerciais indicam
como características técnicas do produto aquelas que se determinam e elaboram
no processo produtivo da empresa e que o cliente e a própria companhia podem
avaliar através dos controles científicos padronizados. O certificado de
qualidade é cada dia mais um requisito imprescindível entre as empresas. Esta
circunstância também se dá no setor funerário e muitos fabricantes de urnas
já o têm.
A
empresa funerária deverá buscar no fabricante de urnas, qualidade, arrojo e
continuidade operativa. Sua decisão de compra racional estará influenciada por
múltiplos fatores, entre os quais se destacam a confiança ( que o fornecedor
não falhe na entrega), o preço e a qualidade (que satisfaça plenamente suas
necessidades e especificações técnicas). O preço da urna é um custo que se
incorpora ao seu processo de fabricação.
A
empresa funerária com um alto grau de conhecimento verá como satisfatória uma
apresentação da urna baseada em seus dados técnicos se destes se puder
derivar vantagens comerciais.
Produto de consumo
Já
temos a urna na empresa funerária. Este produto não perdeu nenhuma das
qualidades que o fabricante oferecia. O que ocorre agora? A realidade é que os
dados técnicos importam muito pouco ou quase nada para o futuro cliente da
funerária. A empresa baseando-se neles deverá alegar outros.
O
cliente, os familiares do falecido, só estão interessados pela
utilidade/benefício que obtêm com o produto, e não no produto em si, e nas
características que tem. Os argumentos devem se basear nas suas necessidades,
transformando as características do produto em benefícios para ele. Não há
benefícios objetivos dos produtos, nem argumentos válidos se não existem
necessidades previamente detectadas nos clientes e o apoio dos argumentos
estará nos dados que forneça o cliente no momento da negociação, que se
basearão em critérios de ordem subjetiva e em imagens, idéias, hábitos e
conceitos de valor.
A
percepção atuará então sobre a satisfação ( a função de utilidade do
produto), substituindo a funcionalidade que o cliente pode obter graças as
características físicas do produto pela utilidade psicosocial, segundo a
particularidade e o status que confere sua posse ou uso em cada caso. O cliente
avaliará os produtos funerários na medida em que estes tenham contribuído
para cumprir suas expectativas.
Vicente Luiz Díaz Pedraza
Revista Funerária - Barcelona - Espanhã