Quando alguém se encontra ante a perda de um ser
querido não está raciocinando normalmente, passa por vários estágios de ânimo,
sente raiva, culpa, tristeza e mais tarde, geralmente depois de muita luta, a
aceitação.
Sob estas atitudes devemos trabalhar, vender, influir
em decisões e etc.
No primeiro contato com os
familiares devemos detectar em que estado se encontra a pessoa, o
que está sentindo no momento. Para isso há várias técnicas, uma é a
conversação, fazendo perguntas diretas, conversando sobre o falecimento,
enfermidade, família, preferência ou religião, relacionando preferencialmente
com o serviço e menos com a venda. Devemos falar do falecido, de seus
familiares ou de qualquer outro tema que nos permita conhecer a pessoa.
Este conhecimento nos permitirá aplicar a técnica
correta para melhor venda e para satisfazer as necessidades da família, além
de estabelecer um vínculo para relaxar o familiar e coloca-lo num estado necessário
para a nossa interação. A duração desta conversa deve ser regulada pelo
familiar, há quem fale muito e conte em detalhe o que está passando, o que
representa esta perda, e há os que não falam, por isso devemos ter
profissionalismo ao escutar. As melhores vendas se conseguem escutando e não
falando.
O passo seguinte é consultar uma planilha, previamente elaborada para esse caso
onde os dados aferidos estão estudados e ordenado para seguir mantendo esta
conversação e que não pareça uma simples lista de dados pois o objetivo
é que o familiar não se dê conta de que estamos reunindo informações.
Nesta planilha teremos a informação necessária para
os tramites do velório, cerimônias, homenagens e inumação.
Desta maneira, com toda a informação necessária,
saberemos o que vender e o que oferecer a determinada família que não é igual
a nenhuma outra. Este é o ponto importante, onde cada serviço é diferente,
porque cada família é um caso diferente para nós, não como ocorre
normalmente que segundo onde vive, o carro que tem, etc. , nos permite um pré
julgamento de quanto vai gastar, e o serviço que devemos oferecer. Não podemos
esquecer que cada ser humano reage diferentemente na perda de um familiar, e
somos nós que devemos prejulgar. Os ritos fúnebres começam desde a
retirada do corpo, sabendo que existem religiões que preparam com antecipação
o corpo, lavando-o e vestindo-o com roupas especiais. Não existindo esses ritos
nós devemos cria-los resultando em elementos novos para vender, a roupa e a
preparação (tanatopraxia).
O pessoal especializado em retirar o corpo deve ir
acompanhado da família, realizar os tramites à vista da mesma e a preparação
do corpo com a participação ativa do familiar. É comprovado que geralmente
os familiares querem realizar os arranjos, porém sempre com a nossa supervisão
e orientação. Se o lugar não é apropriado devemos vestir e preparar na
empresa em um setor adequado e somente utilizado para esse fim. As empresas que
já realizam tanatopraxia devem ter um tanatório e a família deve ver esse
lugar que deverá estar em perfeitas condições de higiene o que dará segurança
e tranqüilidade aos familiares, demonstrando uma grande responsabilidade por
parte da empresa.
Quando se prepara o corpo sem tanatopraxia é
conveniente que os familiares vejam o trabalho, com isso atingindo dois
objetivos: que nosso pessoal trabalhe com mais consciência porque está sendo
vigiado pela família e uma família mais agradecida
porque está vigiando nosso pessoal. Não esquecemos que com essa
simples atitude podemos reverter muitas coisas que dizem de nós e que não são
certas.
Sempre devemos ter presente que a família quer
participar e que a nós convém que assim seja para que possam divulgar nosso
trabalho e possam falar bem de nós se nos vêem trabalhar.
Ricardo
Péculo
Este
artigo continua na próxima semana com o subtítulo ''O Velório''