Com
os principais conhecimentos das origens de alguns ritos funerários, explicados
no 1º artigo, entraremos na parte que nos interessa relacionado a atualidade.
Quero insistir na tomada de consciência nos
fundamentos de nossa profissão, que geralmente se limita ao translado de
pessoas falecidas sem incrementar nenhum Rito Funeral e na maioria dos casos,
quando se pratica algum, estes são solicitados pelos familiares, fato este que
devemos reverter.
Por que isto ocorre?
Creio que por falta de conhecimento do porque das
coisas, um grande segmento dos atuais proprietários de funerárias herdaram as
empresas e não a profissão. O trabalho que deve ser realizado diante da morte
de uma pessoa é muito, e somos nós que devemos assessorar as providências
a serem tomadas e não como ocorre hoje, quando apenas vendemos a urna e
transportamos ao cemitério.
Escuto proprietários e funcionários de funerárias
dizer ‘’se levarem para o cemitério melhor’’, ‘’se não velarem
melhor’’, o que na realidade está anulando a essência do nosso existir,
porque velar ou levar ao cemitério qualquer um pode fazê-lo, porém render as
honras merecidas, realizar uma cerimônia fúnebre só pode ser feito por
pessoas idôneas e competentes na função.
É assim no Brasil como em outras partes do mundo, tudo
supervisionado e regulamentado pela municipalidade, o que não é mal, porém me
pergunto, onde está o profissional que deve realizar as cerimônias? Porque os
familiares desejam que seja uma pessoa capacitada, como ocorre nas outras cerimônias
das religiões, como casamento, batizado, etc. Não temos conhecimento de que
nenhuma municipalidade regulamente os casamentos ou os batizados.
Nós e nossos antepassados não soubemos manter o mito
de nossa profissão que nasceu ao lado da igreja, pois antigamente, eram os
representantes de cada religião que se ocupavam do trabalho de sepultar seus
mortos. Assim sendo, a sociedade atual teria que nos ver com a mesma imagem e
importância que tem um sacerdote, porém nada está mais longe da realidade,
por isso creio e luto para mudar essa mentalidade por uma mais profissional e em
cada empresa que capacito, vejo os resultados que no final repercutem no bom
desempenho financeiro. Em cada palestra sinto que todos os presentes me dão razão,
porém lhes custa incorporar em suas empresas os Ritos Funerários. Devemos
reconhecer que isto representa mais trabalho, porém é a base para que nossa
empresa sobreviva a globalização. Só nós poderemos saber o que fazer em caso
de falecimento e podemos ficar tranqüilos que qualquer sistema de comercialização
pode ser criado, porém nós estaremos presentes. Devemos conseguir que o público
em geral reclame por nós, que não se conceba a realização de uma cerimônia
fúnebre sem a nossa presença, que não dê no mesmo que os Ritos Funerais e as
Honras Fúnebres sejam realizados por nós ou por qualquer um.
Para isso é fundamental mudar, primeiro a nossa
mentalidade, e segundo a nossa imagem perante a sociedade. Devemos capacitar o
nosso pessoal, para que não seja simplesmente um empregado mas parte de um
ritual, tornando bem conhecida a frase que diz: ‘’Nossa profissão é um
sacerdócio.’’
Retomando o princípio de que temos um pequeno
conhecimento da origens e porque devemos manter os Ritos, só nos resta
adapta-los a atualidade, aos costumes do lugar e a solicitação de nosso público.
Ricardo Péculo
Este
artigo continua na próxima semana com o subtítulo:
Cada
família uma particularidade