Ainda assim, há uma certa tendência dos pais em "esconder" da criança esta ocorrência natural da vida. Segundo a psicóloga carioca Fernanda Roche, é preciso que os pais compreendam que, ainda que desejem, não conseguirão manter as dificuldades da vida afastadas de seus filhos. "Para protegê-los, no entanto, será preciso prepará-los adequadamente para tomar contato com essas ocorrências. Infelizmente, o fato de evitar falar sobre a morte não a deixará longe de nós. Evitar falar de sofrimento não o afasta, apenas impede que ele seja elaborado pela criança", salienta Fernanda.
Um aspecto importante sobre o tema, segundo a psicóloga, é a questão das fantasias que a criança faz a respeito da morte. Todo indivíduo - a partir da ciência e ou de crenças religiosas -, tem uma maneira particular de compreender, com maior ou menor dificuldade, o que leva uma pessoa à morte. A criança, autocentrada, tem a tendência a acreditar que tudo o que acontece gira ao seu redor. Assim, acredita que, de alguma forma, os sentimentos negativos que possa ter tido com relação a seu parente próximo em dado momento pode tê-lo aniquilado, ou ainda, que ela não teria se comportado da forma que deveria, causando-lhe a morte.
"Fantasia infantil bastante comum é a de que o parente vai voltar um dia", cita Fernanda. Segundo ela, a criança pequena não tem noção de finitude, trazida pela realidade. Para ela, a vida é regida segundo o princípio do prazer. Assim, torna-se difícil para a criança compreender que uma situação de morte de um ente querido seja definitiva. A psicóloga faz um alerta: ?Ainda que a realidade tenha sido imposta à criança cedo demais, pode ser muito perigoso deixá-la acreditar que seu parente irá retornar para a vida. Estas crenças, se não forem devidamente esclarecidas, podem trazer sérios prejuízos ao desenvolvimento emocional da criança.? Para abordar o assunto - recomenda a psicóloga -, os pais podem utilizar filmes infantis, clássicos como Bambi, O Rei Leão, ambos da Disney, ou Em Busca do Vale Encantado. ?Os livros de histórias infantis também falam da morte de várias maneiras e há, inclusive, algumas obras dirigidas especificamente para estes momentos. A própria brincadeira não dirigida, com bonecos que formem uma família, costuma dar a chance da criança se expressar a este respeito?, detalha Fernanda.
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