Assim com no mundo real, o digital também trabalha duro na
luta contra o crime organizado. A pirataria de programas de computador
tem sido o maior problema enfrentado pela indústria brasileira de
software na última década. A associação Brasileira das Empresas de Software
(ABES) estima um prejuízo anual de US$ 880 milhões só no Brasil. A causa disto
tudo é a propagação da atividade ilegal de copiar, reproduzir ou usar
indevidamente software sem a devida autorização do autor.
“A cada 10 cópias comercializadas no país, seis são ilegais”, denuncia
Marcos Mylius, membro da Associação Brasileira das Empresas de Software.
Alliance (BSA). Se o número de cópias ilegais comercializadas hoje já
é alto, imagine em 1988, quando nove em cada dez cópias vendidas eram
pirateadas.
Segundo Mylius, a situação melhorou, apesar de ainda ser considerada grave.
Apesar de Ter ocorrido uma queda no índice de programas pirateados, a taxa
contínua alta, em torno de 61% ( há 10 anos, a taxa era de 90%) se comparada
com outros países.
Para dar um basta nessa situação, a ABES lançou uma grande campanha de combate
à cópia ilegal de software, que tem como um grande ícone o telepirata, um serviço
aberto ao publico para denuncias anônimas contra empresas ou pessoas que pratiquem
esse crime. O objetivo da campanha antipirataria é reduzir a prática desse crime
com a ajuda de medidas educacionais e punitivas.
Entre os programas mais pirateados hoje no mercado
brasileiro, destacam se os sistemas operacionais ( não só os da Microsoft), os
softwares de automação de escritórios, os jogos e editores de texto.
A pirataria se alastra de diversas formas. Uma das mais
famosas é a pirataria corporativa (instalação e duplicação de softwares sem
autorização ou a partir de um único original ). A comercialização de cópias
sem a devida permissão da empresa desenvolvedoras também é uma das grandes
responsáveis pelo aumento desse crime que , encontra em alguns distribuidores de
computador, uma maneira fácil de burlar a lei e colocar no mercado novas cópias
ilegais. “É aquele típico caso de lojinhas que vendem micros e dão os softwares de
cortesia”, lembra Mylius.
Quando uma denúncia chega ao 0800 da ABES, a primeira
atitude da associação é fazer uma investigação da empresa citada na junta
Comercial. Feita a pesquisa, o advogado faz um pedido ao juiz para realizar uma
vistoria na empresa. Sendo liberada, dois oficiais de justiça e dois peritos
seguem rumo à empresa.
Nos últimos três meses, o telepirataria recebeu 5 mil
ligações resultando em 118 ações judiciais e na prisão em flagrante de 20
pessoas.Em 1999, a ABES apreendeu um total de 20 mil CD – ROMS
piratas em ações realizadas contra camelôs e vendedores, que comercializavam os
produtos pela internet ou por meio de anúncios de jornais.
A ABES conseguiu ainda, descobrir e desativar quatro
laboratórios que copiavam programas sem licença. As ações foram intensificadas
com a criação do Grupo de Trabalho Multimídia. O grupo é formado por um
conjunto de empresas vítimas da pirataria. Nos últimos quatro meses a ABES apreendeu 8,5 mil CD – ROMs em 37 pontos da capital paulista.
Caso estes produtos fossem legalmente comercializados, um
total de 2,5 milhões seria gerado. Este montante significou um grande
prejuízo ao mercado e também ao
governo, que deixou de recolher R$ 630 mil em tributos.
A ABES lembra
também que além do prejuízo financeiro, a pirataria também prejudica o usuário final.
Dados levantados pela associação mostram que 25% do CD – ROMs não funcionam por diversos motivos
(vírus, incompletos e “defeito de fabricação”).
No dia 21 de outubro, o último laboratório desativado
pelos policiais, quando foram apreendidos 103 CD – Roms, 13 disquetes, um
notebook 386, um computador desktop com
aparelho de gravador de CD e uma unidade auto – reprodutora de CD- ROM. Segundo
o site da ABES (www.abes.org.br), o
pirata fazia anúncios em jornais e entregava na casa do comprador.
A ação foi realizada pelos policiais de 14º Distrito
Policial, que durante busca nas famosas rua Santa Efigênia, realizaram uma grande
apreensão no dia 27 de outubro.Foram apreendidos cerca de 1,8 mil CD - ROMS de 11 bancas de camelôs. Oito dele
conseguiram fugir, mas três deles foram detidos e prestaram depoimento na delegacia.
O Grupo de Trabalho Multímidia criado pela ABES pretende
intensificar ainda mais as ações, passando a investigar anúncios de jornais e
sites na internet que comercializem produtos pirateados.Além de tentar barrar os piratas com estas ação, a ABES
também está investindo em publicidade. São anúncios e divulgações da campanha anti
- pirataria em revistas e jornais de todo país, sendo que uma das mais famosas
foi apresentada na novela global Suave Veneno. Na trama, uma empresária sem
escrúpulos opta por usar programas piratas. Tudo vai bem até que uma denúncia anônima leva um grupo de
fiscais à empresa, onde a prática ilegal vem à tona.
• Problemas à vista
Se, no passado, os piratas andavam praticando esse crime
digital sem o risco de serem pegos, já não podemos dizer o mesmo hoje. Não tem
desculpa: toda pessoa que estiver envolvida com pirataria (usuário, comerciante
ou cúmplice na pirataria corporativa) pode ser punida com seis meses a
quatro anos de detenção, além de Ter que pagar uma multa muito cara.
Segundo a lei brasileira, se uma empresa for pega usando
software ilegal, a culpa recai no empresário, mesmo que a instalação tenha sido
feita por um funcionário. A reprodução ilegal de software, para o uso interno ,
sem as respectivas licenças de uso (pirataria corporativa), é uma das mais
comuns.
Segundo a ABES,
esta modalidade é responsável por mais da metade das perdas sofridas pela
industria mundial de software. A explicação é simples: as empresas geralmente
compram licenças de programas em grande quantidade, causando assim um grande
prejuízo.
Para empresas que acham que jamais serão pegas, um alerta:
Crescem a cada dia as ações de busca e apreensão aos
software piratas, com prisões em flagrante abertura de processos civis e
criminais.Segundo a lei 9609, os crimes cometidos contra o direito
autoral são passíveis de ação penal e civil e podem resultar em 6 meses e 4
anos de detenção. Adquirir um programa e instalar em vários computadores, sem
licença , é crime, e a indenização pode chegar até 3 mil vezes o valor do
software para cada cópia ilegal instalada.
Receptação de cópias ilegais também é crime. Segundo o artigo 180 do capitulo 6, do código penal,
o acusado pode pegar até cinco anos de
reclusão. Até hoje, nenhum usuário foi preso por utilizar software pirata.
Vale a pena lembrar que a maioria dos desenvolvedores e
distribuidores de software em atividades no Brasil oferecem descontos e
políticas para venda de licenças de uso de seus programas. Na prática isso significa preços mais em
contas e bons descontos. A maioria dos revendedores de software tem descontos
para compras de licenças de uso que aumentam proporcionalmente à quantidade.
• Empresas
Todo cuidado é pouco. Até mesmo as empresas politicamente
corretas podem ser vitimas dos programas piratas. É possivel que
corporações usuárias de programas tenham em seus computadores , cópias ilegais instaladas pelos
funcionários. Você deve estar se perguntando como evitar esse problema, certo?
Lá vão algumas dicas básicas para tornar sua empresa
invulnerável:
1) Realize auditorias periódicas para verificar que programas
estão sendo instalados nos computadores da empresa. Se os micros estiverem
ligados em rede o serviço poderá ser feito automaticamente por meio de
software.
2) Estabeleça procedimentos rígido, como punições, para uso não
– autorizado de programas ilegais nos
micros da empresa. Se for necessário, faça com que funcionário assinem termos de
compromisso, responsabilizando – os pelos danos causados à empresa decorrente
dos programas piratas instalados.
3) Forneça aos funcionários os software que eles precisarem
para trabalhar. Está é uma forma de prevenir a pirataria A falta de ferramentas pode ser uma boa desculpa para eles
usarem cópias ilegais.
• Usuário Final
O número de programas pirateados entre usuários finais
também é grande. Tudo começa com aquele famoso empréstimo de sistemas
operacionais, editores de texto, entre outros programas bastante utilizados
por quem tem computador em casa.
Ter programas piratas em casa é tão grave quanto te – los
nos micros da empresa. O usuário pensa que não mas ele acaba usando propriedade
alheia sem autorização.
A ABES diz que a solução para pirataria doméstica está na
educação. É necessário conscientizar
a população de que a pirataria é
um crime, roubo, independente do preço, do tamanho, do propósito, ou do tempo
que o usuário vai utilizar o programa. Segundo o membro da ABES Marco Mylius, o
problema da pirataria de software é que o crime foi banalizado. “Mas , com a
nossa campanha, esperamos que as coisa mudem”, explica ele.
“O Combate a pirataria deve envolver a todos, pois esta prática é muito prejudicial ao país,
atrasando o desenvolvimento do mercado de informática e a geração de
milhares de empregos"