Contando para a criança
Quando uma morte ocorre, alguém com quem a
criança tenha uma história de confiança e envolvimento deve contar para ela.
Isso a assegura de que ela não está sozinha e de que há outras pessoas para lhe
prover proteção e cuidado. Esta informação deve ser dada imediatamente para a
criança, em linguagem simples e direta. Você diz: " O vovô, papai, mamãe, João
morreu". Pode ser difícil de dizer, especialmente sem lágrimas. Não há problema
que a criança experiencie seu luto juntamente com seu próprio luto. Você a está
ensinando a lidar naturalmente com seus sentimentos quando você não esconde os
seus. Quando você pode dizer "Estou muito triste porque o papai morreu", "Estou
bravo porque mamãe não está mais aqui para cuidar de nós", você está ensinando
um recurso para a criança que irá perdurar para sempre.
Após contar que um ente querido morreu,
você precisa explicar o que acontecerá depois, o velório e o funeral.
A criança terá muitas dúvidas. O que ela
irá querer saber dependerá de sua idade e experiência prévia com a morte.
Geralmente crianças pré-escolares não entendem que a morte é final; podem
perguntar "Quando vovó vai voltar?". Entre cinco e dez anos crianças começam a
entender que a morte é irreversível, mas acreditam que somente pessoas velhas e
vítimas de acidentes morrem. se uma pessoa relativamente jovem morre, não irá
entender o porquê. Após os 10 anos a criança começa a entender que a morte é
parte da ordem natural das coisas e que as pessoas morrem em todas as idades,
por diversas razões.
É importante responder as questões o mais
simples e honestamente possível. Evite utilizar metáforas. Se você diz para uma
criança pequena "O vovô está dormindo para sempre", por exemplo, ela pode ficar
com medo de dormir.
Crianças comumente concluem que de alguma
forma causaram a morte. Podem pensar "Eu fui mau, então minha mãe me abandonou",
ou "Eu desejei que minha irmã morresse e isso aconteceu". Diga para a que ela
não tem culpa pelo que aconteceu.
- Reações da criança à perda
A criança pode negar inicialmente que a
morte ocorreu. Pode tornar-se agressiva e culpar os demais pela morte, ou ter
raiva da pessoa que morreu, por deixá-la. Pode sentir-se culpada por não ter
sido "boa" para a pessoa que morreu e ficar deprimida. Ainda que a criança possa
aparentemente não estar sofrendo, expressa sua dor de modos mais sutis, como
regredir e começar a chupar o dedo, molhar a cama e agir como bebê. pode ficar
hostil com os colegas ou tratar seus brinquedos com violência. Pode desejar ou
temer morrer.
- Ajudando a criança a lidar com a perda
Como os adultos a criança precisa
enlutar-se para aceitar que a perda ocorreu e continuar com sua vida. Seu filho
irá tomar o seu exemplo, por isso não tenha medo de expressar seu próprio luto .
Chore e deixe que seu filho chore com você. Não diga a seu filho que "seja
forte, não chore". Esta é uma situação triste, e a criança precisa expressar sua
tristeza.
Converse com seu filho e o encoraje a
falar também. Mostre que é permitido falar sobre a pessoa que morreu, mesmo se a
criança for muito pequena para falar sobre a morte, você pode compartilhar seus
sentimentos. O carinho irá confortar a criança que sente a angústia na família,
mesmo que ela não entenda o que aconteceu. Crianças cercadas pela tristeza
precisa ser reassegurada de que é amada.
É uma boa idéia levar a criança ao
funeral, mas não a force a ir. Crianças como os adultos precisam dividir sua
dor. O funeral permite que as pessoas se juntem e expressem seus sentimentos. A
criança deve receber uma explicação detalhada do funeral antes de decidir se
quer ir.
Lembre que a relação da criança com o
falecido não acabou, somente mudou. Após o funeral mantenha fotos e outras
lembranças do falecido para conversar sobre elas com a criança. Isto irá ajudar
a formar um novo tipo de vínculo da criança com a pessoa que morreu.
Orientações fornecidas pelo Instituto 4 Estações